terça-feira, 12 de junho de 2012

Isso não vai acabar bem...

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A crescente vigorexia feminina


De inúmeras conversas entre mim e o professor de Educação Física cubano Abel Gonzalez.


(Obs.: Por este motivo, esta blogagem flutua entre "nós" e "eu", na sua redação, desculpem-me, desde já.)


Nós homens somos obviamente aptos a receber cargas de hormônios masculinos. Nossa puberdade já dá fortes mostras disso, e com raras exceções entre os mamíferos, como as hienas, todos nossos parentes até um nível bem distante no panorama evolutivo assim o são em seus indivíduos masculinos.

Mas acredito que todos sabem que um excedente de esteroides anabolizantes - sempre relacionados, como precursores ou metabólitos, aos hormônios masculinos - em indivíduos masculinos causa uma série de efeitos prejudiciais, desde os quase imediatos - como a pressão arterial pela retenção de líquido - assim como os de longo prazo, como um aumento do risco do câncer de próstata.

Um pequeno relato:

Estando sentado em uma lanchonete em certa cidade do interior de SP, se aproxima de mim um rapaz na casa dos 30 anos, e perguntando se eu "levantava pesos", começou a me contar seu quadro: desejo de ganhar massa muscular em pouco tempo, seguiu os "sábios conselhos" de seu "treinador", literalmente entupiu-se de uma variedade de esteroides - teoricamente, nunca entendi o maldito propósito disto, e acredito que nenhum endocrinologista entenda - e apresentou o quadro completo dos efeitos colaterais: intoxicação hepática - quando de medicamentos, chamada de "hepatite medicamentosa" (em suma, o fígado "grita") [1], hipertensão arterial, excessivo libido numa fase e disfunção erétil posteriormente, etc. Detalhe: tudo isto em seis meses. Em suma, a tragédia completa, e convenhamos, pelo que vi, coisa alguma significativa de resultado dentro do pretendido.

Recomendo as referências:

1. M.L.Z. Lise; T.S. da Gama e Silva; M. Ferigolo; H.M.T. Barros; O abuso de esteróides anabólico-androgênicos em atletismo; Rev. Assoc. Med. Bras. vol.45 n.4 São Paulo Sept./Dec. 1999


Mas nesta blogagem, gostaria de me concentrar no panorama feminino do que classifico como uma variedade dentro do quadro de transtorno dismórfico corporal [4] (também chamado de dismorfofobia, embora não concordaria com a construção do termo) que defini, de maneira bem clara como diferenciada da vigorexia "clássica", modéstia à parte, como oicorexia.


Tenho percebido, nos últimos anos, com algum flutuação de gosto/tendência/moda em alguns segmentos, como o que seriam as madrinhas/rainhas de escolas de samba, uma crescente obsessão pelo público feminino, e como a Economia ensina, pela demanda de apreciação dos homens por tal, que sinergiza tal tendência, pelo volume corporal, focado, obviamente, no volume muscular.





Este fenômeno, claramente, é um tanto diverso do já perceptível entre o final dos nos 80 e o final dos anos 90, com claramente nuances de vigorexia, com os casos que destacaria de Mylla Christie [2] e Linda Hamilton (esta, especialmente após sua preparação para Exterminador do Futuro 2, com o tempero que sofre de bipolaridade), que assumidamente tornaram-se "viciadas em exercícios". Notemos que aqui há um destaque para o que chamamos de "definição", e não volume muscular.




O "mundo Hollywood" não fica muito atrás, ainda, neste cenário: Scott Sonnon; Exercise Addiction or Healthy Habit?

Refs.: 2. Monica Gailewitch; A nova estética muscular



Mais um caso, relacionado ao pitoresco, e até no próprio meio, um tanto criticado, fisiculturismo "hipertrófico" feminino:

Determinada fisiculturista gaúcha

Certa fisiculturista, 'exagerando na dose', apresentou quadro completo dos sintomas perceptíveis: alteração da voz - que é exatamente a mesma alteração que eu, por exemplo sofri, aos meu 13 ou 14 anos (acho), barba, e finalmente, a gota d'água, a meu ver, para dar entrevista falando dos perigos dos esteroides: a perda de cabelo. com as características "entradas" que são típicas do sexo masculino. Como cereja no bolo, reclamando que foi levada a isto pela influência e ação de outros, como coisa que as aplicações fossem feitas pela força, e os efeitos, surgidos como que instantaneamente, e como se ainda não fossem fruto da busca de certos objetivos por certos meios, ou seja, "um preço a ser pago".

Mas fisiculturistas tem um foco de competição, e seu mundo é, por definição, associado ao grande volume muscular.

Para casos menos "oico" e mais "vigoréxicos", a variável tempo para os resultados pretendidos está sempre envolvida. Em suma, o que poderíamos perfeitamente resumir com a palavra "pressa".


Mais um caso, nas palavras da própria:

Determinada ex-BBB:

"Porém tomei consciência de que realmente nada dura para sempre e em dois meses vi mudanças absurdas no meu corpo e na minha saúde".



Aqui, as questões de cinética química, da velocidade das reações, sempre cobrará seu preço.


Resultados de determinada escala em determinado tempo implicam em consequências nocivas da modificação de determinadas cinéticas bioquímicas. - Até prova em contrário, máxima de minha autoria.

Falando de cinética química, é evidente que o humano, ou qualquer organismo, não é um sistema químico simples, e enzimas e hormônios não podem ser tratados como catalisadores em uma reação química de meia dúzia de reagentes, mas certas questões podem, sim, ser aproximadas. Uma coisa é eu, com meus mais de 100 quilos, receber altas doses de hormônios. Outras coisa é um corpo que na verdade, muscularmente, é metade do meu, com a genética que não é a XY que possuo, pelos anos que tenho levando testosterona e seus metabólitos e precursores pelo corpo.

No panorama do feminino, esta minha máxima e observações apresentam já clássicas fatais evidências, mesmo no bem estruturado e focado universo do fisiculturismo:

Da mesma maneira, como seguidamente tratei com meu amigo Abel, uma coisa é um primata poligâmico, como um gorila, com seus 200 quilos de peso corporal, ou os enormes testículos e próstata dos chimpanzés, exatamente pelo seu comportamento poligâmico, receberem pesadas doses de esteróides, assim como herbívoros como os cavalos [3], ou os bovinos, com seus pesos na escala de centenas de quilos. Outra coisa é um mamífero abaixo dos 100 quilos, predominantemente monogâmico (os biólogos meus amigos diriam "harmoniosamente compartilhantes", ou algo mais bonôbico, mas acho que me fiz entender).

Somemos outro caso, em direção ao que pretendemos tratar [4], especificamente.


Refs.:

3. Campanha nacional alertará sobre anabolizantes

4. Ballone GJ, Moura EC; Transtorno Dismórfico Corporal e Muscular


Certa ex-vendedora de loja de shopping em Campinas

Determinada moça, muito bela, a ponto de ser destacada em site de concurso de beleza, passou a apresentar um certo foco de ganho de massa muscular para se adequar ao modelo "popozão" que é relacionado aos grupos do dito "funk". Fora as enormes próteses de seios, passou a ganhar enorme volume de glúteos e coxas, obviamente passando por uma certa "aditivação" na sua suplementação alimentar.

Resultado: o que chamo de voz "atravecada", que é diferente da voz intensa de certas mulheres, que tem um certo tom "aveludado", como são as vozes de determinadas atrizes que citaria como exemplo, como as brasileiras Marisa Orth, Carolina Ferraz (cujo porte físico é inclusive pequeno) ou a estadunidense Linda Fiorentino. Trata-se da voz em falsete, um tanto forçada, com "miados" ao final de certos trechos, tratados entre determinados amigos com a piada do "diz chiclete!". Ocorre devido a modificação da geometria das cordas vocais, a mesma geometria que alterada produziu a minha voz, fazendo-a cair, como a maioria dos homens, uma oitava na puberdade, comparada com uma terça que cai nas mulheres (muito mais simplesmente por uma aumento do tamanho proporcional do "instrumento" do que por uma modificação das proporções deste com o restante do corpo - no popular, o gogó ou pomo de Adão).[5]


Refs.: 5. J. G. WHITAKER; DIRETRIZES MÉDICAS AOS PROFISSIONAIS DA VÓZ CANTADA - FISIOLOGIA DA VÓZ


Descrição de dois casos similares:

Uma não tão famosa stripper gaúcha, igulamente desejando "ganho de coxas", orientada pelo namorado, do meio do fisiculturismo, após aplicação de anabolizantes, passou a apresentar a voz "atravecada", com o adicional de espessamento dos pelos do rosto (o desenvolvimento de "barba" é extremamente comum entre as fisiculturistas, especialmente entre o que poderíamos chanmar de "de terceiro mundo").

Outra stripper gaúcha, esta famosa, naquele quadro que ganha o qualificatório nas publicações masculinas de "modelo", após  aplicação de anabolizantes pelo mesmo motivo, passou a desenvolver, com descrição muito bem clara de certo companheiro, a hipertrofia de grandes lábios e clitóris (clitoromegalia), que também é associada com a questão embrionária da diferenciação sexual primordial pela qual todos passamos na gestação. No popular é mais simples: os grandes lábios embestam que tem de se tornar a bolsa escrotal masculina e o "proto-pênis" que resultará no clitóris ou no pênis, tardiamente, encaminha-se para se modificar no pênis do recém nascido.[6][7]

Refs.:

6. Dra. Dunia de la C. Castillo González, Dr. Jesús Concepción López y Dra. Mercedes González de Cárdenas; Hipertrofia del clítoris secundaria al uso del danazol. Presentación de un caso; Revista Cubana Hematología 2004; 20(3): Casos clínicos - bvs.sld.cu
7. Carr BR, Aiman J.; Steroid production in a woman with gonadal dysgenesis, breast development, and clitoral hypertrophy.; Obstet Gynecol. 1980 Oct;56(4):492-8.

Antes de avançarmos mais ainda em direção ao fundo do poço do problema que detectamos, apresentemos uma diferenciação que julgo mais que necessária para não sermos muito mal interpretados.

Os "transtornos dismórficos corporais" são um quadro amplo, mas com mecanismo profundo no mental que é similar em todas suas diferenciações. Explico: a anoréxica sempre se vê como gorda, o vigoréxico sempre se vê como fraco, e o que defino como oicoréxico, variação do anterior, sempre se vê como pequeno muscularmente.

As caracterizações de gênero acima são apenas por motivos textuais, de estilo, pois existem casos de anoréxicos masculinos, assim, como obviamente por este nosso texto, de vigoréxicos e oicoréxicos de ambos os sexos.

A estes, somam-se aqueles que nunca estão satisfeitos com a aparência, mas que ficam no terreno das intervenções cirúrgicas diversas.

Neste panorama, e aqui não trataria de questões morais secundárias que de forma algum nos interessam e enfoque em certas parafilias, enquadram-se aquelas, por exemplo, que jamais estão satisfeitas com o tamanho dos seios, como Sheyla Hershey , com a própria imagem (um caso que sempre citamos é Michael Jackson), e possuem graduações desde personagens pitorescas e diria divertidas como Ângela Bismarchi, que tem medida que diríamos ponderada de estética, porém, não diríamos que tem moderação em sua preocupação com as intervenções cirúrgicas, seguidamente, verbalizada em suas entrevistas.


Site "O Fuxico"


Seguidamente, percebemos que este quadro associa-se com a bipolaridade, como relatado para o caso de  Sheyla Hershey.


Mulher com maiores seios do mundo tenta suicídio - www.diarioonline.com.br.

Claro que estes casos moderados ou focados encontram extremos do desastre de resultados como a lendária Jocelyn Wildenstein.


www.saudeeforca.com



Mas cheguemos ao que classificamos como o "caso terminal", não tão preocupante do ponto de vista do que médicos seguidamente limitam como sendo "saúde", pois não vemos grandes riscos do ponto de vista da hepatite medicamentosa, como já citado, que é realmente um grande risco, mas acomete mais as excessivamente treinadas, com enorme ingestão de proteínas e formação de compostos nitrogenados no organismo (amônia, uréia, ácido úrico, etc), mas quando massa muscular é somada ao acréscimo de próteses de silicone, quando a própria noção do que seja estético ou minimamente harmonioso já se perdeu, numa busca apenas focada em "tamanho", e no seu efeito disseminador, epidêmico, no que já foi definido em revista de circulação nacional como "a maior de todas", Valesca.

Antes de prosseguirmos, uma observação: Valesca é claramente uma mulher de capacidade intelectual acima da média, assino em baixo devido à diversas entrevistas que assisti, e seu senso claro para o que seja "mercado", para onde deve se direcionar e seu futuro, logo, dois pontos importantes: 1) Ela saberá como se conduzir para sair disto, diferentemente de quem seguir seu "exemplo". 2) Ela tem conduzido seu futuro como atriz e produtora, independente de estética, duradouro no tempo, logo idem ao anterior.



E convenhamos, com certos resultados estéticos no panorama das próteses, aqui completamente distintos de minha definição de oicorexia, um tanto quanto questionáveis.



Seguida por hordas de meninas da dita periferia em busca de fama (similar ao de meninos em busca de posição profissional definida pelo porte físico, questão que já abordamos), esta busca de volume muscular, baseado no final em anabolizantes, sem a contrapartida do custo médico e farmacológico de controle e equilíbrio artificialmente mantido, que depende obviamente de renda, conduzirá a uma epidemia de casos diversos como os descritos acima, com o agravante de serem no organismo feminino, evidentemente não adequado a grande taxa de presença de hormônio masculino e seus correlatos.

Assim, finalmente, como eu e Abel seguidamente conversamos, "isto não vai acabar bem..."


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