segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

As primatas verdades - I


Originalmente, “Verdades Objetivas vs Probabilismo” (na Natureza).

De um antigo quase violento “arranca rabo” dos nervosos tempos de debates no ORKUT.
Certos personagens

Seguidamente aparecem personagens pelas redes sociais (Umberto Eco alertou gravemente para o fenômeno) com revolucionárias visões e posições para campos bem consolidados, fenômeno que tratarei no texto há muito em elaboração que chamo simpaticamente de “Lelés”.

Estes personagens seguidamente aparecem com a arrogante posição de quererem sustentar seu ponto com citação a textos que não lhes apoiam, quando não exatamente lhes refutam, ou claramente sustentam os pontos opostos que lhes colocamos no, chamemos assim, “debate”.

Um dos temas seguidamente que aparecem na atuação dos “lelés” (acredito que já pegaram a ideia) é a insistência que podemos fazer afirmações absolutamente objetivas sobre o mundo.

Nota: Mundo ou natureza, mas o termo mundo )onde o ser que pensa vive, o que p cerca) é mais filosófico que científico, e tem sutil diferença quando formalmente definido - a natureza faz parte do mundo, mas não podemos dizer que ela seja o mundo “todo”, pois não podemos afirmar o que seja no todo o “tudo que existe”.

Muitos ainda não entenderam as implicações filosóficas da alegoria da caverna de Platão. - Imagem: Unifebe

O que é certo

Eu digo com extrema segurança que podemos apenas fazer afirmações objetivas limitadas e, se bem analisadas, são no fundo subjetivas, como a banal cor de algo, que é uma profunda e ancestral cultura do animal humano )a tal ponto que definível como “biológica”).

A confiança nasce e cresce em nossa sociedade, e seu conhecimento sobre o mundo dessa repetitividade de percepções - e opiniões sobre o percebido.

Assim, banalmente, uma folha de grama é o que classificamos como verde, e em apreciações do real, até a mais sofisticada medição num acelerador de partículas.

Percebamos que não disse que existe um caos de cores do que seja uma folha entre os humanos, ou uma impossibilidade de qualquer medição, de uma régua ou relógio até o mais sofisticado instrumento científico, pois uma certa subjetividade em balanço com uma certa objetividade não implica no que seja um caos das percepções e de um mundo caótico relacionado em observação.

Aliás, se fazemos parte do mundo, temos uma certa caoticidade (temos defeitos em nossas percepções, e até morremos, as extinguindo), mas com ele partilhamos uma determinada regularidade. Meus olhos e mãos segurando instrumento falham, até se alteram com o tempo, mas apresentam uma certa precisão, reforcemos.

Não existe, filosoficamente, diferença fundamental em limitações do que seja a confiabilidade do medido entre uma régua e o maior dos aceleradores de partículas. Imagem: Os Limpa Trilhos

Refute o que, cara-pálida?

Feita essa apresentação…

O então “lelé” mais que seguro de seu mundinho e afirmações abre um certo ponto de sua tola e primária teimosia (não comigo, um pobre infeliz, mas com colossos da Filosofia, como Russel, por exemplo, especialmente no campo da Epistemologia) com a pérola abaixo:

"Aproveita e refuta a argumentação desse aqui:”

Objectividade - Peter van Inwagen - criticanarede.com

No meu Google Drive: [ Objectividade - Peter van Inwagen ]

Bom, o texto é “de peso” e trata de toda uma questão do que seja objetividade, pontos sobre o que seja realismo, etc.

O interessante é que o “papo” começou comigo afirmando: Não temos acesso à totalidade da realidade, não temos acesso à informações sobre tudo que existe.

Um segundo ponto que tinha sido colocado é que temos uma apreciação da natureza que é probabilística )os objetos apreciados) e tratável por estatística, mas deixemos esse ponto para mais detalhes adiante. Concentremo-nos agora nas limitações de nossa percepção em “distância e profundidade”.

Como digo e repito, para que se esqueça o universo como um todo ou o mais íntimo da natureza em suas menores partículas componentes, como são os adensamentos de campos que estas sejam, etc, basta dizer-se que não sabemos sequer quanto cabelos temos sobre a cabeça.

Mas notemos que o personagem nega tal banalidade da limitação de nosso conhecimento possível sobre o mundo pedindo para eu refutar texto que sequer trata de negar isso!


parece-me bem razoável aceitar que não temos acesso à informações de todo o universo pois sequer temos acesso por luz a todas as suas partes, e na verdade sequer sabemos o que realmente ele seja. - Imagem: CBN

Ônus para lá, ônus para cá e certas luvas
Adiante, claro que ele insiste com outra pérola:
"Cadê o argumento que estabelece isso? "

Esqueçamos que o ônus da demonstração é de quem afirma que pode captar tudo da natureza, do menor ao maior, que pode a humanidade (ou qualquer espécie que exista) ter acesso à toda a realidade física.

Eu julgo banal entender que não temos acesso ao mínimo da natureza, pela simples limitação de qualquer instrumento de medida e o meio que usa para obter informações como com os fótons, a luz nos microscópios óticos, que já se limitam gravemente na escala de frações de mícrons, como lá pelas 1200 vezes de ampliação, e adiante a situação piora, e mesmo nos microscópios eletrônicos, criados exatamente para superar tal limitação.

Como muito jovem li: usar luz para ver átomos é como tentar examinar um grão de areia usando luvas de boxe.

Acima de certas ampliações, as imagens do microscópico feitas por luz “desabam” em qualidade, requerendo-se meios com comprimento de onda menor, como os elétrons. Imagem: leandronunesfoto.wordpress.com

Muito, muito distante

Para a maior escala, nós não temos acesso adiante de determinada profundidade do universo, e como já aprendi à duras penas, é um tanto custoso explicar para pessoas sem boas noções de Relatividade, Astronomia e Cosmologia, mesmo boa base por meio de divulgação científica, que as mais distantes galáxias não podem nem poderão ser vistas por sua luz, visível ou invisível, pois estão a uma distância que é maior que a idade do universo em anos-luz, e estariam se afastando por expansão do espaço-tempo a uma “velocidade” (note-se as necessárias aspas) maior que a velocidade da luz. Aqui, entra o conceito de “universo observável”.

Que se falar de questões como multiversos dos diversos tipos, os quais, em se tratando das variações quânticas destes, podem pertencer - como tudo pertence - ao que seja o “tudo”, serem a natureza pois são materiais (seja como o que for “lá” matéria)  e estarem aqui, em nossa intimidade, sem qualquer interação conosco, sendo pois, para toda a Física de nosso universo, indetectáveis.

Perceba-se que não estou afirmando que esses universos existam, mas estou afirmando que não se pode afirmar que não existam.

O universo é maior que o universo observável. São conceitos diferentes, ainda que o segundo seja componente do primeiro, um conjunto maior. Oficina da Net
Recomendo a leitura de:
Dados lançados ao mundo - Muitos mundos, muitas copas - Scientia Est Potentia
Bóson de Higgs, Big Bang, Moral e alguns, quando não muitos, erros - Scientia Est Potentia

Uma barreira intransponível

O bule de Russel, a ciência que não afirma o existente, mas apenas que afirma o que jamais se evidenciou diverso, de Popper, são ideias que tem de ser permanentes no humano, e não a dogmatização de uma percepção claramente limitada e o berreiro de afirmações que não se podem fazer.

Lógica nenhuma pode quebrar isso, pois sequer temos as premissas mínimas para construir qualquer raciocínio.

Destaquemos claramente que assim como o que coloco acima, não estou dizendo que não possa o humano ter acesso a uma informação confiável, como por exemplo, que descendo de primatas africanos, que corpos caem com aceleração no vácuo independente de sua massa, etc, e sim, que o conjunto completo da natureza, tanto em escala quanto em intimidade, não nos é acessível.

Agora uma surpresa nesse quase diálogo com quem esteja me lendo: quando observamos o espaço, mesmo nosso nariz no espelho, observamos um mínimo passado, que para o astronômico, deixa de ser mínimo e pode chegar até a limitação já apresentada de tempo pela distância. Noutras palavras, nossa limitação também é claramente no tempo, como lutam a Astrofísica, a Geologia, a Paleontologia e diversos outros campos. A simples História, sem sequer necessitar-se recorrer para esse argumento de tempos da escala de milhões de anos já mostra limitações. Então, nossa limitação é mais “dimensional” que apenas entre o mínimo e o máximo, em tamanho e distâncias, também é uma inescapável limitação temporal.

Se alguém discorda, demonstre, até nos divirta, só lamento pelo claro sadismo, mas não nos peça até para perder tempo com o que é claro e diria até óbvio sendo teimosamente negado.
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Recomendo: Sobre o "provar a inexistência" - Scientia Est Potentia

Não coloque-se números onde eles não existem

Mas claro que o “colar” tem de ser aumentado, como de costume com os “lelés”, e aparece a pérola clássica, que já nos rendeu e nos renderá maravilhosa apresentação de diversas questões.
"Você é tão estúpido que não entendeu o ponto do que eu disse. Não interessa se a dedução é sobre a mortalidade de Sócrates, ela poderia ser sobre um número ou qualquer outra coisa."

Aqui, respondi com: Desde quando um número é um objeto físico, moleque perdido?

Tratei longamente da questão em pelo menos dois textos:
Da Origem de Determinados Argumentos Tolos – VI - Livres Pensadores

De onde destaco:

Teoremas em Física são hipóteses que continuam a ser testadas, ou consequências lógicas a partir de hipóteses que são permanentemente testadas na fornalha sempre acesa da falseabilidade. Não trata-se da construção lógica sobre axiomas que são os teoremas em Matemática. Não são as construções que após demonstradas, nunca mais necessitam ser testadas sobre qualquer análise séria. Devemos nos lembrar da frase: Qual o nexo de testar números para verificar se o teorema de Pitágoras está correto, após sua inequívoca demonstração?

Visões da ciência assistindo-se The Big Bang Theory - Scientia est Potentia
Deste destaco:

O problema é, que como também repetidamente martelo nas cabeças alheias, a Física é apenas "matematicalizável", como gosto de dizer, mas não é a matemática. A maneira de Sheldon, podemos escrever equações e mais equações em uma lousa, com os mais coloridos pincéis atômicos (este nome sempre me foi engraçado). Estas equações e seus resultados, jamais poderão ser afirmadas como o exato comportamento da natureza, muito menos de sua composição íntima e final.

Como também repito seguidamente, o construtivismo em Matemática como transponível para Física está morto e enterrado, com pás e pás de cal em cima de seu cadáver em Filosofia das Ciências e Teoria da Informação.

Resumindo: não se pode confundir jamais o que seja um número com uma captação da realidade.

Um livro para eu somar em minha lista.

O imortal Sócrates

Voltando a nosso amiguinho, a citação dele a Sócrates é da mais que clássica:

Todo homem é mortal.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.

Como bem alerto: quem pode afirmar que Sócrates não seja imortal, ficando sem envelhecer a partir de certo ponto da vida pela eternidade ou que seja algum evento física extraordinário que o torne completamente indestrutível?

Mais uma vez, não estou afirmando que tal possa ocorrer, mas que ninguém pode afirmar que não seja possível. Corrigindo mais logicamente a frase: não há quem possa afirmar que tal não seja possível.

O tema mortalidade, aparentemente útil para esses personagens dogmáticos em suas certezas frágeis, assim como diversos outros de simplórios silogismos, pode render longo e profundo tratamento, como por exemplo o que tratei em:

Rabiscos II - "Involução" e uma Química mais que sofrível - Scientia est Potentia

Sendo que deste texto destaco:

[...] descubram que existem montes de processos reversíveis, aliás, como até mesmo na Biologia, com inclusive, seres vivos imortais (no sentido de imortalidade relativa, pois se torrados no microondas, por exemplo, morrem - o que seria, se não, a "imortalidade absoluta", que não existe).

Aqui, corrijo-me, “que não existe” com: que para todo o efeito de ciência, jamais foi evidenciada.

Uma observação final: por “mortalidade” ser um predicado lógico um tanto inadequado para esta explicação, a questão tem de ser levada a um extremo de dúvida sobre a possibilidade, na prática, um absurdo (não existe ser vivo que sobreviva a uma certa temperatura de formação de puro gás, ou ainda, plasma, obviamente, e uma questão de algo como “alma” está, digamos, fora do escopo. Por isso que apresentações com simples cores de penas de ave são mais adequadas a explicar o absurdo que seja um dedutivismo em questões de tratamento da natureza.
Tal como o filósofo Sócrates está morto, independente de que sobre o qual pairam dúvidas de sua real existência pairem dúvidas, morta está a dedução pura e simples para se entender a natureza, seja ela em seu maior conjunto e na intimidade o que ou como for. - Imagem de Dez falsas afirmações sobre Sócrates - ghiraldelli.pro.br - nos nossos arquivos: Google Drive

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Desdenhando o Design Inteligente - 6


Evolução de “Complexidade Irredutível” Explicada

Mais uma explicação para a alegada "complexidade irredutível"

Artigo original: Evolution Of 'Irreducible Complexity' Explained ; ScienceDaily (Apr. 6, 2006)


Usando novas técnicas de ressurreição de genes antigos, cientistas, pela primeira vez, reconstruíram a evolução darwiniana de um sistema molecular aparentemente "irredutivelmente complexo".

A pesquisa foi conduzida por Joe Thornton, professor assistente de Biologia do Centro de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade de Oregon, e foi publicado na edição de 7 de abril da revista SCIENCE.

Como a seleção natural pode impulsionar a evolução de sistemas moleculares complexos — aqueles em que a função de cada parte depende de suas interações com as outras partes — tem sido uma questão não resolvida na biologia evolutiva. Os defensores do Design Inteligente argumentam que tais sistemas são "irredutivelmente complexos" e, portanto, incompatíveis com a evolução gradual pela seleção natural.

"Nosso trabalho demonstra um erro fundamental nos atuais desafios ao darwinismo," disse Thornton. "Novas técnicas nos permitiram ver como os genes antigos e suas funções evoluíram há centenas de milhões de anos. "Descobrimos que a complexidade evoluiu fragmentadamente através de um processo de Exploração Molecular — genes antigos, restritos pela seleção a funções inteiramente diferentes, foram recrutados pela evolução para participar de novas interações e novas funções ".

Os cientistas usaram métodos estatísticos e moleculares de última geração para desvendar a evolução de um exemplo elegante de complexidade molecular — a parceria específica do hormônio aldosterona, que regula o comportamento e a função renal, juntamente com a proteína receptora que permite a células do corpo responder ao hormônio. Eles ressuscitaram o gene do receptor ancestral — que existiu há mais de 450 milhões de anos, antes dos primeiros animais com ossos aparecerem na Terra — e caracterizaram suas funções moleculares. Os experimentos mostraram que o receptor tinha a capacidade de ser ativado pela aldosterona muito antes do hormônio realmente evoluir.




O grupo de Thornton mostrou então que o receptor ancestral também respondeu a um hormônio muito mais antigo com uma estrutura semelhante; Isto o tornou "pré-adaptado" para ser recrutado para uma nova parceria funcional quando a aldosterona evoluiu mais tarde. Recapitulando a evolução da sequência de DNA do receptor, os cientistas mostraram que apenas duas mutações foram necessárias para evoluir as funções atuais do receptor nos seres humanos.

"O processo gradual que fomos capazes de reconstruir é totalmente coerente com a evolução darwiniana", disse Thornton. "A chamada complexidade irredutível era apenas um reflexo de uma capacidade limitada de ver como a evolução funciona." Ao chegar de volta às formas ancestrais dos genes, pudemos mostrar como esse par crucial hormônio-receptor evoluiu."

Outros pesquisadores do estudo incluem Jamie T. Bridgham, associado de pesquisa de pós-doutorado em Biologia Evolutiva e Sean M. Carroll, pesquisador de pós-graduação em Biologia. O trabalho foi financiado por subvenções do National Science Foundation e do National Institutes of Health e Alfred P. Sloan, pesquisador associado recentemente atribuído a Thornton.


Natureza, colaborando para refutar o criacionismo há mais de 150 anos. - Francisco, O Herege (meu personagem ao longo dos anos em diversos temas de debates pela internet)

O artigo científico:

Jamie T. Bridgham, Sean M. Carroll, Joseph W. Thornton; Evolution of Hormone-Receptor Complexity by Molecular Exploitation; Science  07 Apr 2006, Vol. 312, Issue 5770, pp. 97-101
DOI: 10.1126/science.1123348 - science.sciencemag.org

Abstract
De acordo com a teoria darwiniana, a complexidade evolui por um processo gradual de elaboração e otimização sob seleção natural. Os sistemas biológicos compostos por partes firmemente integradas parecem desafiar essa visão, porque não é óbvio como a função de qualquer elemento possa ser selecionada, a menos que os parceiros com os quais ela interage já estejam presentes. Aqui demonstramos como um sistema molecular integrado — a interação funcional específica entre o hormônio esteróide aldosterona e seu parceiro, o receptor mineralocorticóide — evoluiu por um processo darwiniano gradual. Usando a ressurreição do gene ancestral, mostramos que, muito antes do hormônio evoluir, a afinidade do receptor pela aldosterona estava presente como um subproduto estrutural de sua parceria com ligandos quimicamente semelhantes, mais antigos. A introdução de duas alterações de aminoácidos na sequência ancestral recapitula a evolução da especificidade atual do receptor. Nossos resultados indicam que interações íntimas podem evoluir pela Exploração Molecular — recrutamento de uma molécula mais antiga, previamente restrita a um papel diferente, em um novo complexo funcional.


Artigos relacionados

1

Antony M. Dean & Joseph W. Thornton; Mechanistic approaches to the study of evolution: the functional synthesis; Nature Reviews Genetics 8, 675-688 (September 2007) - www.nature.com

Abstract

Uma síntese emergente de biologia evolutiva e biologia molecular experimental está fornecendo inferências muito mais fortes e profundas sobre a dinâmica e mecanismos de evolução do que era possível no passado. A nova abordagem combina análises estatísticas de sequências genéticas com experimentos moleculares manipulativas para revelar como antigas mutações alteraram processos bioquímicos e produziram novos fenótipos. Esta síntese funcional preparou o cenário para avanços importantes na compreensão de questões fundamentais na biologia evolutiva. Aqui descrevemos esta abordagem emergente, destacando importantes novas idéias que ela tornou possível e sugerimos direções futuras para o campo.



2

Bernard C. Rossier, Michael E. Baker, Romain A. Studer; Epithelial Sodium Transport and Its Control by Aldosterone: The Story of Our Internal Environment Revisited; Physiological Reviews Published 1 January 2015 Vol. 95 no. 1, 297-340 DOI: 10.1152/physrev.00011.2014 - physrev.physiology.org

Abstract

Transcrição e tradução exigem uma alta concentração de potássio em toda a árvore da vida. A conservação de um potássio intracelular elevado foi uma exigência absoluta para a evolução da vida na Terra. Isto foi conseguido pela interação de P- e V-ATPases que podem estabelecer gradientes eletroquímicos através da membrana celular, um processo energeticamente caro que requer a síntese de ATP por F-ATPases. Em animais, o controle de um compartimento extracelular foi conseguido pela emergência de organismos multicelulares capazes de produzir barreiras epiteliais estreitas criando um meio extracelular estável. Finalmente, a adaptação a um ambiente terrestre foi conseguido pela evolução de vias reguladoras distintas que permitem a conservação do sal e da água. Nesta revisão destacamos o papel crítico e duplo do Na + -K + -ATPase no controle da composição iônica do fluido extracelular e do sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAAS) na conservação de sal e água em vertebrados. A ação da aldosterona sobre o transporte transepitelial de sódio pela ativação do canal epitelial de sódio (ENaC) na membrana apical e a de Na + -K + -ATPase na membrana basolateral pode ter evoluído nos peixes pulmonados antes do surgimento dos tetrápodes. Finalmente, discutimos a implicação do RAAS na origem da pandemia atual de hipertensão e suas doenças cardiovasculares associadas.

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3

Gabriel V Markov, Vincent Laudet; Origin and evolution of the ligand-binding ability of nuclear receptors; Molecular and Cellular Endocrinology 334(1-2):21-30 · November 2010 - www.researchgate.net


Abstract

A origem da capacidade de ligação do ligandos dos receptores nucleares é ainda uma questão de discussão. Modelos opostos atuais são a evolução inicial de um receptor ancestral que ligaria um ligando específico com alta afinidade e a evolução inicial de um órfão ancestral que era um fator de transcrição constitutivo. Aqui nós revisamos os argumentos a favor ou contra estas duas hipóteses, e discutimos uma possibilidade alternativa de que o antepassado fosse um sensor de ligando, o que seria capaz de explicar os dados aparentemente contraditórios gerados em modelos anteriores para a evolução da ligação do ligando em receptores nucleares .