Primeiro aqui, um já apurado rascunho depois no Scientia, uma tradução em melhoras do artigo da Wikipédia em inglês sobre uma neuropatia importante, tanto no quadro de país produtor agrícola como historicamente dentro do universo das intoxicações por produtos industriais.
Neuropatia tardia induzida por organofosforados, ou neuropatia tardia dos organofosforados NTOF, (em inglês organophosphate-induced delayed neuropathy, OPIDN), também chamada polineuropatia tardia induzida por organofosfato (organophosphate-induced delayed polyneuropathy, OPIDP), é uma neuropatia causada pela morte de neurónios no sistema nervoso central, especialmente na medula espinhal, como resultado do envenenamento agudo ou crônico por organofosfato. O comprometimento do sistema nervoso periférico e central leva a se considerar termo neuropatia tardia por organofosforado (NTOF) mais adequado do que tão somente polineuropatia tardia por organofosforado (PTOF). É uma condição clinica incomum, ocorrendo após a intoxicação aguda por organofosforados, seguindo-se uma fase de hiperestimulação colinérgica. Seu quadro clínico é caracterizado por déficit motor distal nos membros inferiores associado a sintomas sensitivos. Estudos eletroneuromiográficos tem evidenciado um padrão axonal motor na maioria dos casos, podendo ocorrer sinais de comprometimento do sistema nervoso central.[1]
Um exemplo notável de OPIDN ocorreu durante a “Era da Proibição nos EUA” (“Lei Seca”) na década de 1930 quando milhares de homens no Sul e Meio-Oeste estadunidense desenvolveram fraqueza nos braços e pernas e apresentaram dores depois de beber um álcool "medicamentoso" substituto. A bebida, chamada de "Ginger Jake," continha um extrato de gengibre jamaicano adulterado contendo fosfato de tri-orto-cresila (TOCP, tri-ortho-cresyl phosphate), que resultou em danos neurológicos parcialmente reversíveis. O dano resultou no mancar típico chamado "Jake Leg" ou "Jake Walk", que eram termos frequentemente citados na música blues do período. Tanto Europa como o Marrocos tiveram experiências com surtos de intoxicação por abortivos e óleo de cozinha contaminados, respectivamente.[2]
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Casos relacionados com a ingestão de inseticida a base de Dichlorvos tem, num prazo de duas semanas posteriores, apresentado quadro de hiperestesia associado a paresia distal nos membros inferiores, apresentando eletroneuromiografia que se caracteriza pelo padrão compatível com a polineuropatia axonal, sendo que sinais piramidais, mais tardios, são observados nos membros superiores.[1]
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NTOF pode ser induzida por fluorofosfato de di-isopropila, o qual é usado para este propósito como um agente experimental. Não há tratamento específico. Fisioterapia regular pode ajudar, sendo a recuperação frequentemente incompleta.[3][4][5]
Referências
1. Luiz Felipe R Vasconcellos, Ana Cláudia Leite, Osvaldo J M Nascimento; ORGANOPHOSPHATE-INDUCED DELAYED NEUROPATHY - Case report; Arq. Neuro-Psiquiatr. vol.60 no.4 São Paulo Dec. 2002. - dx.doi.org - www.scielo.br
2. Jump up Morgan (1978); Segalla, Spencer (2011), "The 1959 Moroccan Oil Poisoning and US Cold War Disaster Diplomacy," Journal of North African Studies. - dx.doi.org
3. Marcello Lotti, Stefano Caroldi, Eugenio Capodicasa, Angelo Moretto; Promotion of organophosphate-induced delayed polyneuropathy by phenylmethanesulfonyl fluoride; Toxicology and Applied Pharmacology, Volume 108, Issue 2, April 1991, Pages 234–241. - www.sciencedirect.com
4. Marcello Lotti, Angelo Moretto; Promotion of organophosphate induced delayed polyneuropathy by certain esterase inhibitors; Chemico-Biological Interactions; Volumes 119–120, 14 May 1999, Pages 519–524. - www.sciencedirect.com
5. Lester G. Sultatosa; Mammalian toxicology of organophosphorus pesticides; Journal of Toxicology and Environmental Health, Volume 43, Issue 3, 1994, pages 271-289. - DOI:10.1080/15287399409531921 - www.tandfonline.com
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