Nos meus já alguns anos conhecendo o pitoresco mundo dos criacionistas e sua constante argumentação baseada, erroneamente, mesmo dentro de sua ótica, em atacar as afirmações da Teoria da Evolução, contra o fato da evolução, contra afirmações históricas da Paleontologia, e até mesmo contra aplicações sólidas, de todo bem sucedidas, e participantes em nossa vida diária de diversas afirmações dos modelos da Teoria da Evolução em vastos, utilíssimos e nevrálgicos campos como a Medicina, a Agricultura e a Pecuária, sempre encontro-me com um “sub-argumento”, que questiona de que serviria saber, por exemplo, quais os ancestrais do cavalo doméstico.
Observação: Gosto sempre de lembrar que esperneiam até mesmo contra a mais que evidente seleção natural, contraditoriamente dentro de sua argumentação, beirando o insano, contra até o dilúvio universal que claramente selecionou muitas espécies, pois me consta que dinossauros claramente não entraram no pitoresco canoão.
Observação: Gosto sempre de lembrar que esperneiam até mesmo contra a mais que evidente seleção natural, contraditoriamente dentro de sua argumentação, beirando o insano, contra até o dilúvio universal que claramente selecionou muitas espécies, pois me consta que dinossauros claramente não entraram no pitoresco canoão.
É evidente que entendem mesmo os criacionistas que um vírus muta, e seus filhos ou netos vão morrer se a próxima vacina não levar em conta tal mudança. Entendem isso mesmo no seu tipo especial de variações - no tempo - que são os “baramins”, e seu acelerado processo de modificação limitado ao extremismo que fazem, ainda mais pincelado com o termo por eles corrompido de “microevolução”. Idem para a bactéria, que adquire, em cepas sobreviventes, resistência ao antibiótico que numa dosagem parcial, abaixo da mais criteriosa recomendada, permitindo bactérias variantes da população da contaminação inicialmente sofrida. Também acredito que os mais radicais criacionistas do cinturão bíblico estadunidense não discutem com seus engenheiros agrícolas (talvez estes mesmos criacionistas) sobre a resistência adquirida por populações de insetos e ervas daninhas a defensivos agrícolas.
Portanto, me concentrarei neste texto no aspecto da ancestralidade fóssil das formas de vida atuais e mesmo de táxons completamente já extintos, e espero a compreensão dos amigos e leitores das ciências biológicas, pois faremos papel um tanto de “advogado do diabo”.
Devo adiantar que uma argumentação do tipo “o ser humano tem o desejo incontrolável de conhecer” não seriam de forma alguma útil, e nem prudente, no que apresentaremos.
Pulemos os “detalhes”, da anatomia comparada, da análise genética feita sobre formas atuais e até em tecidos de algumas (e mesmo hoje já muitas) formas de vida ancestrais, pois fará parte de nossa argumentação que rumará por cortar o que negam “nossos amigos”.
Em suma, minhas indagações, que pretendo com coragem responder, são, exemplarmente, além da do cavalo, já citada acima: Qual a utilidade de sabermos que o tiranossauro descende de uma forma - próxima - de um alossauro primitivo modificada. Outra: Qual a utilidade de sabermos que determinado mamífero ungulado produziu o baluquitério, o rinoceronte e até a girafa, a anta e o tapir? Ainda outra: Qual a utilidade de eu saber que existiram os trilobitas, sua variedade e sua árvore genealógica? Gostaria ainda de colocar outra: Qual a utilidade de sabermos que a primeira forma animal que dominou a terra foram escorpiões marinhos?
Poderia estender estas pergunta por páginas, como para que sabermos que insetos gigantes existiram, que voavam entre enormes samambaias, que baleias primitivas com pequenos restos de patas singraram os mares que hoje nem existem, e que estes tornaram-se montanhas, etc.
Todas estas perguntas, pertinentes e dignas a um paleontólogo de anos de pesquisas para apresentar os seres envolvidos, com seus artigos e teses de doutorado, ainda enfrentaria a especificação em meu discurso de que o termo utilidade acima trata-se “nos dias de hoje e em nosso futuro”, e sempre pinceladas com a cor que imponho como tal nefasto advogado de que são perguntas sobre espécimes que nem mais existem em suas variedades de descendentes diretos, em ambientes geológicos que sequer ainda estão aí.
Pior ainda, que tais afirmações sejam feitas, pela própria natureza desta ciência, que produziu até erro de análise em Filosofia da Ciência de um colosso intelectual como Popper, a sua um tanto infeliz “especulação metafísica”, em tempos passados que são até milhares de vezes maiores que nossa própria história como civilização, mesmo centenas de vezes mais que nossa idade como espécie - perdão pelos termos - “definida e isolada” de nossos ancestrais, que até poderiam aqui ser longamente discutidos.
Pois bem, feitas minhas acusações, mudo minha toga e apresento a defesa, sob a ótica de um agora Gestor Ambiental, e humildemente, como uma pessoa que ganhou uma certa notoriedade no meio deste tipo de debate, e um certo “notório saber” que percebo pelas estatísticas de meus artigos e blogagens sobre o tema, e os apoios que recebo seguidamente de profissionais do ramo, e mais que tudo, pela ética envolvida ao que seja científico e o que seja mais que útil, extremamente necessário, como veremos.
Guardo ainda com feliz lembrança a citação que trouxe-me antigos estudos, ainda de secundário, de minha amiga Silvia Gobbo, geóloga e doutorada em Paleontologia, de que “ecologia fundamenta-se sobre evolução”, embora acho que os termos não foram exatamente esses, e surgiu um poético “bebe em”, no meio da frase.
Paleontologia, e espero que não fiquem criticando detalhes se colocar o termo Paleobotânica, não são somente ciências da história de espécies A e B, C e D, até as diretas relações de A com C e n outras combinações, como quem predava e quem era predado, e n’ outras letras que representem descendentes e ancestrais, números em índices que apresentem variações regionais, em toda a complexidade até de tratamento que é característica não só da Paleontologia mas da própria Biologia. Lembrando o grande Ernst Mayr, Biologia é uma ciência única.
Estas ciências de natureza “paleo” são as ciências das espécies e seu meio, e portanto, de sua ecologia, como sobreviveram ou não às mudanças de seu meio, e quais foram estas mudanças. Aqui, coloquemos bem destacado, pois é o objetivo direto de nossa defesa, o termo Paleoecologia. Nisto, todas as perguntas que virão a seguir devem sempre ter a elas presas a segunda parte “e as relações destes seres com todos os outros”.
Quem seria o táxon resistente a menos água? Quem seria o mais resistente à temperaturas mais altas? Quem seria o sobrevivente à diminuição das florestas e savanização do ambiente anteriormente luxuriante, tropical, chuvoso? Quem seria o táxon que apresentou mais descendentes aptos à acidificação ou alcalinização dos mares? Quem seria o mais resistente a uma sulfurização por uma grande erupção vulcânica?
Assim sendo, as ciências “paleo” podem nos mostrar num futuro de aquecimento (e mesmo glacial resfriamento), quais seriam os táxons de onde devem descender as espécies mais aptas a receber nossa ação para desde propiciar alimento, até apoiar determinadas produções de matérias primas. Devemos plantar as espécies A ou B? Devemos passar a conduzir nossas massas a preferir se alimentar de roedores? Devemos abandonar os ungulados de grande porte? Devemos passar a criar grandes felinos, que permitam durante décadas e até séculos que matas da Oceania e da Ásia se recuperem, não tendo herbívoros sem predadores a piorar o mal que já fizemos? Devemos fazer proliferar determinados insetos, ou mais pássaros de determinada família, ou ainda preferir répteis à cabras em nossas regiões áridas? Devemos desesperadamente colaborar com a sobrevivência dos diversos batráquios, que provavelmente sofrem com nossas emissões de gases, independendo do dióxido de carbono, que pelo histórico da Terra, já produziu efeito estufa catastrófico antes?
Sonhando um pouco, devemos trazer novamente grandes felinos, como superpredadores, e até colaborar com estes, se o lobos se extinguirem na América do Norte? Ainda mais além, devemos tratar de operar modificações e repor determinadas morfologias e metabolismos, em espécies inéditas mas similares a outras do passado? (Aqui, como exemplo, será que devemos produzir ungulados carnívoros, como já houve no nosso passado, e criacionista algum negaria este fato.)
Aqui entra todo o estudo das formas de vida do passado e sua história, mesmo que hoje remota, e perdoem, direta e simplestamente, sem utilidade. Aqui, lembremos que Paleontologia, Paleobotânica e a sistematizante - no termo relacionado a sistema complexo - Paleoecologia são campos históricos, com aspectos de fatos analisáveis, com ordem no tempo, causas e consequências, logo, num conceito mais amplo que o nosso estrito de “civilização”, História, pois até o universo tem sua História, e gravarei o termo com letra maíuscula.
História serve para sabermos os acertos que devemos copiar, para saber as similaridades dentro do possível que devemos buscar. Mais que tudo, para sabermos os erros que não devemos repetir, pois História, lembrando o adágio, é o conjunto de tudo que devemos evitar.
Assim, encerro minha defesa, e nego que as ciências com o prefixo significando distante no tempo e afastado de nossa imediata realidade e vida aparentemente segura são úteis. As ciências com tal prefixo são hoje, desesperadamente necessárias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário