sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Cinco Absurdos Argumentos Criacionistas - I



"Efeito maior que a causa"

Um exemplo desta pérola:

"Nenhum efeito é quantitativamente maior e/ou qualitativamente superior à causa". Ou seja o efeito não pode ser maior do que a causa. A evolução diz que a matéria inanimada (causa) gerou seres mais complexos (efeito) esta afirmação contrária a lei da causa e do efeito. Enquanto isso no criacionismo diz que um Ser superior, Deus(causa), criou seres limitados(efeito) e inferiores a ele.

A Lei de causa e efeito, em Filosofia, parte da definição de que "Nenhum efeito é quantitativamente maior e/ou qualitativamente superior à causa".

A aplicabilidade do princípio acima é amplamente reconhecida nas ciências exatas como Física, Química e Matemática, no entanto, podemos encontrá-lo em Biologia, Filosofia e Sociologia. É uma das poucas leis que é aplicável em todas as áreas de conhecimento.


Que depois foi suficientemente surrada a ponto de ser modificada em:

“Nenhum efeito é quantitativamente melhor do que a sua causa”. Traduzindo, o efeito não é superior à sua causa: a causa primeira do espaço infinito tem que ser infinita. Mas ao contrário, a teoria evolucionista diz que o efeito sempre é melhor do que a causa. Vide a criação do Universo por meio do “big-bang”. A analogia mais clara é a da explosão numa gráfica que resulta numa enciclopédia.
Ostra e desova.
Fora meus risos com o remendo agora misturando falácia de Hoyle com o pitoresco "argumento da segunda lei da Termodinâmica", soma "espaço infinito", conceito que o coitado aqui tem espasmos depois de estudar tudo que estudou de cosmologia.

Sem falar nas dores abdominais que me causa "quantitativamente melhor".

Mas tratemos de destruir a versão anterior.

Primeiramente demonstraremos e percebamos banalmente que a massa total dos seres vivos é uma fração da massa total da crosta terrestre.

Para chegarmos a esta conclusão, façamos um cálculo simples, com números extremamente "forçados". Consideremos que as espécies hoje vivas sejam em torno de 10 milhões (um número já por si exagerado). Consideremos que todas tenham a população idêntica a humana e com a mesma massa unitária em torno de 100 kg médios.* Ainda multipliquemos isso pela proporcionalidade estimada de espécies extintas, que é de 100 para cada uma das hoje óbvias.

*Evidentemente, a população de espécies bactérias ou de formigas poderá ter população imensamente maior em número, mas o que nos interessa aqui é a massa total, assim, um ser humano extremado como médio como o que tomamos, com 100 Kg, possui a mesma massa que mais de 600 mil formigas de porte grande, que possuem massa de 150 mg, ou 100 trilhões de bactérias de 0,01 milhonésimo de grama.

Com estes números teremos

6,5 x 10^16 indivíduos hoje vivos.

6,5 x 10^18 Kg totais de seres vivos hoje vivos.

6,5 x 10^20 Kg totais entre espécies já vivas numa geração hipoteticamente hoje habitante da Terra.

Este número parece enorme, mas representa 6,5 x 10^17 toneladas, que sendo de água (aqui propositalmente escolhida por ser exatamente a substância predominante nos seres vivos) representa um cubo de água de 866,2 km de aresta. Este cubo pode parecer absurdamente grande, até como coluna d'água frente a profundidade de nossos oceanos, mas se dividido em uma lâmina d'água de 3 km de profundidade, resultaria em aproximadamente 289 paralelepípedos de 866,2 x 866,2 km (750,3 mil km²) com 3 km de profundidade.

A área total da Terra é aproximadamente 510 milhões de km², no que se percebe que este oceano hipotético possuiria área menor que a própria área dos atuais oceanos e mares.

Mas o importante aqui é percebermos que a vida, na sua totalidade, sempre apresentou-se como uma fração menor da crosta trerrestre, que obviamente, é uma fração do planeta Terra, que por sua vez, é uma fração minúscula do sistema solar, que por sua vez também, é uma fração ainda menor da Via Láctea, nossa galáxia, e esta é uma dentre bilhões de galáxias.

Assim, o universo é obviamente uma causa muitíssimo maior que todos os efeitos que nele resultem, e não estamos falando apenas dos "recursos", ou matéria, como seria este meu enfoque por massa, pois apenas como fonte de energia, o Sol é um fornecedor tão vasto, que apenas recebemos dele, de seu "disco" de 1,5 milhões de km de diâmetro, a fração que corresponde a uma superfície esférica de menos de 13 mil km de diâmetro situados a 150 milhões de km de distância.

Ou seja, a causa energética da vida é imensamente maior que o efeito que seja sua existência e seus processos.

Percebamos também, o que poderia ter nos poupado destes cálculos todos, que não há o efeito em si na evolução dos seres vivos, e sim a modificação de um estado anterior. O mesmo seria coerente como argumento contra o crescimento dos seres vivos, pois na medida que hoje tenho 1,81 m, no passado tive 53 cm, logo, pelo argumento criacionista, meu crescimento seria impossível, e a falácia embutida aí é considerar os seres vivos um ente em si, e não uma associação de células/conjunto de processos no tempo, e tal guarda relação com o erro enorme que é o hilemorfismo aristotélico tratado não para os entes mais básicos da natureza, que inclusive também não o seguem, mas para todos os entes compostos da natureza, como já o são mesmo os átomos e antes destes mesmo os bárions, como os prótons e os nêutros, que não são o que tratamos como partículas elementares.

Explico este argumento mais detalhadamente. Não há o "efeito de aumento de uma causa" direta e simplesmente no processo evolutivo (e tampouco na vida de um único indivíduo, no aumento da população de sua espécie ou mesmo ao longo de inúmeras gerações), pois por exemplo uma população de vacas mudar a forma de seus chifres, ou perdê-los completamente, ou mesmo recuperá-los na sua genética, é apenas a manifestação corpórea da alteração de uma característrica genética. Pelo mesmo motivo que uma causa menor que seu efeito é perfeitamente possível no biológico, desde que haja energia e recursos na alimentação, por exemplo, e a fonte fundamental desta cadeia de recursos e energias são os recursos geológicos da Terra, seu solo e água, e sua atmosfera, somados à energia solar e pouquíssima geotérmica, imensamente maiores, como vimos, que a totalidade das formas de vida, logo populações crescem, indivíduos nascem e crescem, se reproduzem, e se não são limitados pelas diversas contingências, assim o fariam até cobrir de sua espécie a Terra.

Apenas, durante esta manifestação através de recursos sobre o biológico, pelas suas gerações, modificam-se, e isto é evolução dos seres vivos.

Mas tal argumento de "causa e efeito", se abordado por um aspecto não biológico, sem geração de organização da matéria nos moldes bioquímicos, não se sustenta mesmo no inorgânico. Basta vermos que o cristais de neve, sendo compostos basicamente de água, apresentam organização, num efeito de ordem muito maior que a causa que os coordena, que são as interações e a geometria das moléculas de água.

Igualmente, cristais de neve formam a neve, e esta quando recebe pequeno impulso, pela ação da gravidade sobre cada um dos cristais e suas forças de agregação, propicia uma crescente "bola de neve", numa inclinação.

Outro exemplo é que havendo a potencialidade nas combinações químicas, como entre o nitrato de potássio, o carvão em pó e o enxofre, aquilo que chamamos pólvora, basta uma faísca, pequena manifestação/causa de energia, para desencadear uma modificação/efeito/liberação de energia.

O mesmo valeria para qualquer substância combustível, deflagrante ou explosiva. O mesmo para um simples nêutron iniciando uma reação em cadeia num material físsil como o urânio.

Não sendo aceito o exemplo de um explosivo (assim como qualquer dos casos acima) pela sua origem por uma ação humana inteligente em sua preparação, consideremos o gás natural; não sendo aceito o orgânico do combustível fóssil, consideremos as "flores de enxofre" dos vulcões e sua reação com o oxigênio da atmosfera, e as faíscas, infelizmente para a argumentação criacionista, podem advir de colisão de basaltos derrubados por tremores de terra, ou raios, ou a temperatura de desprendimentos vulcânicos.

Exemplos aqui podem ser apresentados em número gigantesco.

Logo, havendo a potencialidade no natural (e aqui a conceituação é intimamente ligada ao conceito de energia), e os recursos que na natureza são sempre imensamente maiores que suas modificações localizadas, há sim, efeitos maiores que suas causas desencadeadoras.

Como os seres vivos possuem um potencial enorme, que são suas populações já estabelecidas, havendo a causa que desencadeie a mudança em sua genética, desencadeará a alteração nesta população, logo evolução dos seres vivos.

No cosmológico, no astrofísico, no geológico, as questões são ainda mais simples, pois as modificações na natureza nunca cessam, e as forças do universo são (causas) imensamente maiores que efeitos de modificações em reles estrelas anãs como o Sol, quanto mais este sobre insignificantes planetas que o orbitam.



Um grande incêndio pode vir depois de uma pequena fagulha. - Provérbio chinês.



Como esta bobagem cartapácia tinha sido colocada na Wikipédia, por algum boçal, tratei hoje de aproveitar a deixa e massacrar os criacionistas no atacado:

Lei de causa e efeito (Filosofia)

Obs.: Filosofia? Dói-me os olhos ler isso.

Um exemplo excelente de argumentação similar sobre este argumento criacionista:

Quando o Pastor Mala "faia" por Júnior Camilo, a quem agradeço pela expressão "princípio filosófico de causalidade".

Nota: Para entender por que citar Matemática como ciência em sentido "popperiano" é uma tolice, favor ler neste blog Ovelhas no campo, a cor dos cisnes e dos corvos. Após ler isso, querido leitor, favor me amolar noite e dia para que escreva um artigo sobre esta bobagem chamada "ciência exata" até para a poderosa Física.

Desde já, grato.