terça-feira, 28 de abril de 2009

X-Men Origins: Wolverine




Estreia esta sexta o filme X-Men Origins: Wolverine, e como já percebi que as visitas a este blog aumentam com a citação de filmes, e sem querer negar meu medíocre mas existente talento para marketing, vamos tratar do tema dos "mutantes" da Marvel, dos quais, inclusive, sou fã (embora não tanto, confesso, como de Lanterna Verde, meu super-herói favorito, e de Batman, na minha opinião, o melhor e mais profundo - se explorado - personagem já criado para os quadrinhos e seus subprodutos).

Assim, iniciemos pelo X-Men Wolverine

Vemos que este super-herói dispõe de dois, digamos, no jargão do meio, superpoderes: capacidade de regeneração e o esqueleto de adamantium. Façamos uma dissecação de tal personagem, e o termo aqui é exatamente este biológico.


O que é regeneração?


Em termos simples, é a capacidade de após ter-se tecidos destruídos, estes voltarem ao estado inicial.


Notemos que nós fazemos isto, mesmo para queimaduras de segundo grau, mesmo para cortes profundos e num certo nível, até para nossos órgãos, como o fígado, e mesmo lesões mais graves, mas com um retorno apenas parcial.


Isto se deve exatamente a um quadro de manutenção do ser vivo... vivo, e foi desenvolvido pelo processo evolutivo desde as mais simples criaturas até os mais complexos seres da natureza.


Neste processo, algumas capacidades, vamos dizer macro, de regeneração foram perdidas, como a capacidade que as salamandras tem de repor até mesmo um membro inteiro, ou as lagartixas e determinados lagartos a cauda, perdida para escaparem de predadores.


. Regeneração da salamandra (www.cellscience.com)

Exatamente porque evoluímos, quando perdemos um braço, a não ser no futuro com a interferência de tecnologia, o perdemos até o último de nossos dias, e o mesmo se dá com "primos" mais próximos, como qualquer primata e mais genericamente com qualquer mamífero, como vemos nossos cães e cavalos de raça, mantidos vivos sem passar por um sacrifício ela veterinário or nosso apego a um cão amigo e querido, mesmo "pernetinha" ou um rentável cavalo de raça reprodutor, ainda que com uma sofisticada prótese.


Mas não temos a mesma capacidade de regeneração e até de reprodução assexuada após esquartejamento de uma estrela do mar, exatamente porque no processo evolutivo e até na complexação de nossos sistemas, perdemos tal capacidade de nossos ancestrais em comum.

Mas notemos que tais regenerações sempre demandam tempo, para o conjunto de reações químicas produzir e reproduzir os tecidos perdidos e alimento, que substituirá a massa perdida.


Tempo implica em limitações de produção de determinados materiais a determinada velocidade por reações químicas, assim, mesmo com enormes reservas e ingestão de nutrientes (que serão direta e indiretamente futuros componentes de nossos organismos). Se produzimos imensa quantidade de novos componentes, realizando muitas reações a alta velocidade, geramos calor (a maior das reações bioquímicas dos animais é na verdade exotérmica, produz calor para o ambiente). Podemos pensar que num determinado limite, a própria produção acelerada de energia nos fritaria (basta ver os peculiares metabolismos de pequenos mamíferos, como os menores roedores, ou do beija-flor, que te tal monta precisa ingerir açúcares o dia inteiro e não sobrevive a não se controlando sua temperatura corporal num limite que seria insuportável para os demais seres vivos, ou a limitação de distância percorrida pelos guepardos, que ao gerarem determinada temperatura em seus corpos, são obrigados a repousar e resfriarem-se para caçar novamente).


Mas antes desta questão térmica, temos uma questão de "balanço de massa" que é inquebrantável desde Lavoisier.


Se ingerimos 1 quilograma de alimento, já a grosso modo, só podemos aumentar nossa massa (peso, mais popularmente), em 1 quilograma, e ainda desprezando perdas na geração de energia, transpiração e mesmo na diluição na digestão de água, entre inúmeras outras perdas desta massa.


Esta limitação de "fonte para gerar resultado", de "massa que entra menos massa que sai igual a massa que fica", limita muito dos monstros da ficação, e outro tanto de super-heróis, desde Hulk, em sua anabolia (ou "ficar bombado") em segundos, até Alien, O Oitavo Passageiro, e seu crescimento em inúmeras vezes de volume a partir de seu "nascimento" de infelizes abdômens.


De onde concluímos que se Wolverine perde um músculo do braço, e não se alimenta, independentemente da velocidade (e de sua "salamândrica" capacidade de regeneração), necessitará ou se alimentar ou digerir internamente outra parte do seu corpo para produzir a parte perdida.


Assim, se real fosse, de parte perdida em parte perdida, em uma das tradicionais lutas brutais da Marvel, acabaríamos por apenas ter o famoso esqueleto de adamantium.


Quais os materiais mais duros e resistentes que temos?


Mesmo o mais resistente dos metais/ligas (que são combinações de metais), que posso citar como sendo determinados aços especiais, as ligas de titânio, as ligas nobres de molibdênio, níquel e outros metais usados em exigências de alta tecnologia e esforços, possuem um limite a aprtir do qual ou se rompem por estiramento (o que chamamos em engenharia tração), ou fluem como um chiclete quando "apertados" (o que chamamos de compressão).


Assim, mesmo o mais forte metal/liga a partir de um determinado esforço rompe-se ou é esmagado, não interessando o quão bem projetado ou composto tenha sido.


Mas qual o motivo disto?


A questão é que sólidos não são em seus componentes, que podem ser átomos ou moléculas ainda mais ligadas entre seus átomos, ou mesmo cristais de numeroos átomos ou moléculas, como o são os aços e as ligas, não são "imovíveis" no tempo e no espaço. (Lembrando famoso ministro e uma de suas máximas: "imexíveis")


Assim, a partir de um esforço suficiente, qualquer material fluirá (comportar-se-á como fluido), mesm nas mais elevadas pressões, como as ue vemos no interior de determinadas estrelas num estado que chamamos "matéria degenerada", que apesar do termo, é exatamente a mais sólida e compacta de todas.


Assim adamantium na tradicional definição do universo ficcional da Marvel e do grande criador, figura mais que simpática, de Stan Lee, tal material não existe. (Embora, confesso, adoraria este em carros - desprezando o problema da inércia - maldita ! - ou em facas de cozinha





Por outras tantas não existe o inumbtênium (seria este o irônico nome?) de O Núcleo (The Core), assim como o próprio adamantium, pela incapacidade de qualquer material manter suas ligações no estado sólido a partir de determinadas temperaturas, que são limitadas no carbono (inclusive pelo mesmo motivo na dureza extrema e limítrofe dos diamantes) e no metal tungstênio. A partir de determinadas temperaturas, não só todos os sólidos se liquefazem ou diretamente viram gases, mas até os átomos, com seus núcleos e elétrons em órbita existem mais, e todos os materiais viram o que chamamos de plasma, e a partir de determinada temperatura, nem mesmo os próprios núcleo dos átomos conseguem se manter íntegros (aqui, chamamos de plasma de quarks, mas este é um tema que por si só já nos daria umas três blogagens quase insuportáveis de serem lidas!).


Logo, se bem atingido por raios de Cyclops, de suficiente intensidade, Wolverine não só viraria cinzas irrecuperáveis, como viraria uma poça de metal sem capacidade de voltar a sua foma anterior, pois este é outro personagem, o inesquecível T-1000, de Terminator 2: Judgment Day.


Mas estes são temas para outros textos.


Apesar de ciência não ser muito tolerante com determinadas afirmações, pois a própria natureza não é, lembrem-se que nem só de fatos e ciência vive o que seja a arte e a diversão, e há filmes que não são para serem pensados, mas sim para proporcionar bons momentos, escapismo, e comer-se pipoca (inclusive para gerar energia e regenerar nossos tecidos), portanto...


BOM FILME!


Mas lembrem-se: Cinema é um ritual silencioso.

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