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Uma questão interessante em todo o universo ficcional de Star Trek é o que eu chamaria de "parapsicologia moderada". Um exemplo é o "toque vulcano": a interação de mentes através de tato. Deste, decorre até o "carregamento" da mente de Spock no dr. McCoy, extrema ironia.Um que outro personagem ao longo das séries com dotes de telecinese, telepatia, etc, mas atrelada a um imenso desenvolvimento tecnológico e evolutivo, não a dotes em si disto, como seria em simples humanos e outras espécies de mesma, digamos, idade. Quando nós e similares a nós estes poderes possuem, é em função de receberem tal capacidade de outrem muito mais poderoso ou por exóticas mutações aos moldes dos acidentes de Stan Lee, que disto usou em doses cavalares no universo Marvel.
Abordando por outra via, o que quero dizer é que simpatizo com Star Trek por não acrescentar personagens que derrubam naves com simples pensar, como se vê no universo de Star Wars - destacadamente nos jogos e seus trailers - e em diversas outros cenários de ficção científica. Ninguém é mais que humano (ou algo similar). Se sangra, morre, já nos ensinava o Major Alan "Dutch" Schaeffer, Arnold Schwarzenegger, em O Predator. Não há superforças, teletransportes produzidos pelo próprio cérebro. Seres vivos sangram, sofrem, machucam-se, falham, erram, morrem como morriam marinheiros ao atravessar os oceanos por séculos, aliás, o que Star Trek homenageia de maneira permanente.
Mas, entremeado nas peripécias da moralista tripulação de Star Trek, sempre houveram encontros que lembraram a origem de ficção "hard core" de onde foi esteticamente nitidamente inspirada, Planeta Proibido e seu avançado povo extinto, os Krell. Sempre houve as civilizações/seres que por meio de avançada tecnologia, conseguem o que para nós parece mágica (e para alguns, apenas atos de uma divindade tal a que afirmam ter criado o "tudo"): solidificar coisas (matéria) a partir de energia (ou algo igualmente longe da visão e do tato, como neutrinos, como em Solaris). Novamente em Star Trek, a própria tecnologia de holodeck da "Nova Geração" já dá passos humanos (e federados) nesta direção.
Aqui, evidentemente pelo título, quero chegar ao universo ficcional de Lanterna Verde. Desde que o conheci, dezenas de anos atrás, sempre foi meu super-herói favorito. Não é o extraterrestre que ganhou superpoderes e invulnerabilidade pelo nossa estrela amarelo e sua densidade molecular altíssima. Não é herdeiro riquíssimo e sua saga de justiça e vigilância contra o crime, nem mesmo o industrial que de mesma maneira, cria armaduras de alta tecnologia. Não é nem mesmo vítima de um acidente radioativo exótico, nem mesmo fruto de um deslize feliz da genética. Lanterna Verde é o sujeito comum, apenas intrépido e destemido, que na redenção de sua vidinha um tanto desregrada e sem grandes responsabilidades, é escolhido para ser o primeiro de nós a usar uma tecnologia que nos parece mágica sobre toda análise. Uma tecnologia tão fantástica que é colocável num pequeno anel, e deste, tudo se pode produzir.
Independentemente de ser alimentado à distância , e em algumas versões de seu mundo ficcional, com apenas comando de voz, seu carregador surge de um universo (hiperespaço?) paralelo onde fica guardado e carrega-se o anel como nós carregamos nosso celular ligando-o num carregador e na tomada. Não necessita de máquina colossal, como em o Planeta Proibido, nem da nave gigantesca de V'Ger, de Star Trek - The Motion Picture. Possui dados, possui sensores de defesa, cria até a "roupa" que seu usuário necessita. Dispensa naves para voar pelo espaço. Depende em limites apenas da imaginação de quem o use. Destaquemos: basta o anel.
É tão poderoso que limita até os atos maus de seu usuário, e o filme já mostra isto bem claro, e limitaria os "monstros do IDI", que foi a desgraça dos Krell, de Planeta Proibido.
Somemos na nossa apologia ao 'Lanterna': não respira de baixo d'água e se comunica com peixes (quem não vai rir com a ironia que foi feita em Big Bang Theory sobre Aquaman?), não é um personagem da mitologia grega ou nórdica. É onde o humano comum encontra a tecnologia extrema, que se funde com o que poderíamos chamar de divindade. É onde o mundo sem grandes pretensões intelectuais (aliás, quase nenhuma) dos quadrinhos de super-heróis encontra a ficção mais "hard core", ainda que na superfície, pincelada com as cores típicas da adolescência que domina as ideias destes quadrinhos.
Por estas razões e muitas outras que poderia detalhar, Lanterna Verde permite, em minha modesta opinião, vôos muito mais altos de criação em ficção científica que qualquer outro super-herói. - Perdão, não resisti ao trocadilho. - Permite, inclusive, a construção de ficção científica "pura", independente de vilões, sonhos de dominar mundos ou mesmo destruí-los. E é claro, é visualmente mais elegante que capas, cuecas por fora das calças, colãs amarelos ou mesmo combinações berrantes de cores passando dos cabelos até as botas. Até sua logotipia é feliz e icônica, como vemos no topo desta blogagem.
Esqueçamos o mundo piegas e um tanto infantilóide típico dos personagens clássicos da DC (com exceção, fique bem claro, do "faca na bota" ao natural que é Batman), esqueçamos que o universo é um tanto maior só em supergrupos de galáxias para bastarem uns poucos milhares de indivíduos para policiá-lo. Só nas nossas cercanias já contamos planetas às centenas, e a recém estamos observando e detectando o beco estreito e escuro em que vivemos e morremos, tal qual os pais de Bruce Wayne. Esqueçamos as distâncias, esqueçamos as implicações da Relatividade, e até mesmo de que em velocidades imensas e impossíveis, simples cálculos de v=d/t .'. t=d/v .'. d=v*t implicariam em impossibilidades de tais "estórias" demandarem séculos para seus "fatos" (tema que foi sempre muito bem cuidado pelo universo um tanto ópera de Perry Rhodan, com milhares de anos de enredos apenas focado em nossa galáxia).
Pulemos, é claro, a derrapada misticóide de "energia da vontade", "energia do medo", e outras bobagens típicas. Claro que poderia escrever, e o pretendo, longamente sobre a questão "vontade", que é ligada ao quase religioso "livre-arbítrio", à filosófica "liberdade" e sempre relacionada, questão difícil, aos físicos "aleatoriedade e indeterminismo".
Pulemos, e de preferência esqueçamos, conflitos entre cores, seja verde, amarela ou qual for, pois o que nos interessará será, por exemplo, fótons e sua capacidade de transformarem-se em partículas "sólidas".
Pensemos apenas no que pode ser possível, que resumiria numa pergunta:
Podemos chegar (e pode alguém ou algo chegar) a ter tecnologia tão avançada que nos permita a partir de energia, seja na forma que for, produzirmos qualquer objeto que imaginemos?
Assim, chegamos onde pretendia, que são as leis de Clarke:
I. Quando um cientista distinto e experiente diz que algo é possível, é quase certeza que tem razão. Quando ele diz que algo é impossível, ele está muito provavelmente errado.
II. O único caminho para desvendar os limites do possível é aventurar-se um pouco além dele, adentrando o impossível.
III. Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia.
A imagem simples e poderosa, quase uma letra de um alfabeto místico, do logo de Lanterna Verde. |
Abordando por outra via, o que quero dizer é que simpatizo com Star Trek por não acrescentar personagens que derrubam naves com simples pensar, como se vê no universo de Star Wars - destacadamente nos jogos e seus trailers - e em diversas outros cenários de ficção científica. Ninguém é mais que humano (ou algo similar). Se sangra, morre, já nos ensinava o Major Alan "Dutch" Schaeffer, Arnold Schwarzenegger, em O Predator. Não há superforças, teletransportes produzidos pelo próprio cérebro. Seres vivos sangram, sofrem, machucam-se, falham, erram, morrem como morriam marinheiros ao atravessar os oceanos por séculos, aliás, o que Star Trek homenageia de maneira permanente.
Mas, entremeado nas peripécias da moralista tripulação de Star Trek, sempre houveram encontros que lembraram a origem de ficção "hard core" de onde foi esteticamente nitidamente inspirada, Planeta Proibido e seu avançado povo extinto, os Krell. Sempre houve as civilizações/seres que por meio de avançada tecnologia, conseguem o que para nós parece mágica (e para alguns, apenas atos de uma divindade tal a que afirmam ter criado o "tudo"): solidificar coisas (matéria) a partir de energia (ou algo igualmente longe da visão e do tato, como neutrinos, como em Solaris). Novamente em Star Trek, a própria tecnologia de holodeck da "Nova Geração" já dá passos humanos (e federados) nesta direção.
Aqui, evidentemente pelo título, quero chegar ao universo ficcional de Lanterna Verde. Desde que o conheci, dezenas de anos atrás, sempre foi meu super-herói favorito. Não é o extraterrestre que ganhou superpoderes e invulnerabilidade pelo nossa estrela amarelo e sua densidade molecular altíssima. Não é herdeiro riquíssimo e sua saga de justiça e vigilância contra o crime, nem mesmo o industrial que de mesma maneira, cria armaduras de alta tecnologia. Não é nem mesmo vítima de um acidente radioativo exótico, nem mesmo fruto de um deslize feliz da genética. Lanterna Verde é o sujeito comum, apenas intrépido e destemido, que na redenção de sua vidinha um tanto desregrada e sem grandes responsabilidades, é escolhido para ser o primeiro de nós a usar uma tecnologia que nos parece mágica sobre toda análise. Uma tecnologia tão fantástica que é colocável num pequeno anel, e deste, tudo se pode produzir.
Independentemente de ser alimentado à distância , e em algumas versões de seu mundo ficcional, com apenas comando de voz, seu carregador surge de um universo (hiperespaço?) paralelo onde fica guardado e carrega-se o anel como nós carregamos nosso celular ligando-o num carregador e na tomada. Não necessita de máquina colossal, como em o Planeta Proibido, nem da nave gigantesca de V'Ger, de Star Trek - The Motion Picture. Possui dados, possui sensores de defesa, cria até a "roupa" que seu usuário necessita. Dispensa naves para voar pelo espaço. Depende em limites apenas da imaginação de quem o use. Destaquemos: basta o anel.
É tão poderoso que limita até os atos maus de seu usuário, e o filme já mostra isto bem claro, e limitaria os "monstros do IDI", que foi a desgraça dos Krell, de Planeta Proibido.
Somemos na nossa apologia ao 'Lanterna': não respira de baixo d'água e se comunica com peixes (quem não vai rir com a ironia que foi feita em Big Bang Theory sobre Aquaman?), não é um personagem da mitologia grega ou nórdica. É onde o humano comum encontra a tecnologia extrema, que se funde com o que poderíamos chamar de divindade. É onde o mundo sem grandes pretensões intelectuais (aliás, quase nenhuma) dos quadrinhos de super-heróis encontra a ficção mais "hard core", ainda que na superfície, pincelada com as cores típicas da adolescência que domina as ideias destes quadrinhos.
Por estas razões e muitas outras que poderia detalhar, Lanterna Verde permite, em minha modesta opinião, vôos muito mais altos de criação em ficção científica que qualquer outro super-herói. - Perdão, não resisti ao trocadilho. - Permite, inclusive, a construção de ficção científica "pura", independente de vilões, sonhos de dominar mundos ou mesmo destruí-los. E é claro, é visualmente mais elegante que capas, cuecas por fora das calças, colãs amarelos ou mesmo combinações berrantes de cores passando dos cabelos até as botas. Até sua logotipia é feliz e icônica, como vemos no topo desta blogagem.
Esqueçamos o mundo piegas e um tanto infantilóide típico dos personagens clássicos da DC (com exceção, fique bem claro, do "faca na bota" ao natural que é Batman), esqueçamos que o universo é um tanto maior só em supergrupos de galáxias para bastarem uns poucos milhares de indivíduos para policiá-lo. Só nas nossas cercanias já contamos planetas às centenas, e a recém estamos observando e detectando o beco estreito e escuro em que vivemos e morremos, tal qual os pais de Bruce Wayne. Esqueçamos as distâncias, esqueçamos as implicações da Relatividade, e até mesmo de que em velocidades imensas e impossíveis, simples cálculos de v=d/t .'. t=d/v .'. d=v*t implicariam em impossibilidades de tais "estórias" demandarem séculos para seus "fatos" (tema que foi sempre muito bem cuidado pelo universo um tanto ópera de Perry Rhodan, com milhares de anos de enredos apenas focado em nossa galáxia).
Pulemos, é claro, a derrapada misticóide de "energia da vontade", "energia do medo", e outras bobagens típicas. Claro que poderia escrever, e o pretendo, longamente sobre a questão "vontade", que é ligada ao quase religioso "livre-arbítrio", à filosófica "liberdade" e sempre relacionada, questão difícil, aos físicos "aleatoriedade e indeterminismo".
Pulemos, e de preferência esqueçamos, conflitos entre cores, seja verde, amarela ou qual for, pois o que nos interessará será, por exemplo, fótons e sua capacidade de transformarem-se em partículas "sólidas".
Pensemos apenas no que pode ser possível, que resumiria numa pergunta:
Podemos chegar (e pode alguém ou algo chegar) a ter tecnologia tão avançada que nos permita a partir de energia, seja na forma que for, produzirmos qualquer objeto que imaginemos?
Assim, chegamos onde pretendia, que são as leis de Clarke:
I. Quando um cientista distinto e experiente diz que algo é possível, é quase certeza que tem razão. Quando ele diz que algo é impossível, ele está muito provavelmente errado.
II. O único caminho para desvendar os limites do possível é aventurar-se um pouco além dele, adentrando o impossível.
III. Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia.
Então, que se acendam futuras lanternas, e se não encontramos ainda homens honestos e íntegros, como Diógenes de Sínope em vão parecia buscar, iluminemos as implicações disto, e no que os poderes dos anéis, lanternas e bateria dos Guardiões podem servir como modelo de explicar tais conjecturas.
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