O Modelo do Estado Estacionário
O Modelo do Estado Estacionário (ou Teoria do Estado Estacionário) propõe um universo que não tem princípio nem fim, permanecendo essencialmente o mesmo em qualquer ponto do tempo ou do espaço. Proposta originalmente em 1948 por Fred Hoyle, Hermann Bondi e Thomas Gold, a teoria surgiu como uma alternativa elegante ao que Hoyle pejorativamente chamou de "Big Bang".
1. O Princípio Cosmológico Perfeito
Enquanto o modelo do Big Bang aceita que o universo muda drasticamente ao longo do tempo (expandindo e resfriando), o Estado Estacionário baseia-se no Princípio Cosmológico Perfeito. Este princípio dita que o universo é homogêneo e isotrópico não apenas no espaço, mas também no tempo. Para esses cientistas, um universo que surgiu de um "ovo primordial" parecia uma ideia metafísica demais e cientificamente insatisfatória.
2. A Criação Contínua de Matéria
Para conciliar a expansão observada do universo (descoberta por Edwin Hubble) com a ideia de que a densidade deve permanecer constante, a teoria propunha algo radical: a criação contínua de matéria.
À medida que as galáxias se afastam, nova matéria (geralmente átomos de hidrogênio) surgiria espontaneamente no espaço vazio.
A taxa necessária para manter o equilíbrio seria baixíssima: cerca de um átomo por metro cúbico a cada bilhão de anos, tornando-a quase impossível de detectar diretamente.
3. O Declínio da Teoria
O modelo começou a perder força na década de 1960 devido a duas descobertas fundamentais:
Evolução de Galáxias: Observações mostraram que galáxias distantes (que vemos como eram no passado) são diferentes das galáxias próximas, provando que o universo muda com o tempo.
Radiação Cósmica de Fundo (CMB): Em 1964, a detecção do "eco" térmico do Big Bang foi o golpe final. O Estado Estacionário não conseguia explicar a existência dessa radiação uniforme em todo o céu de forma convincente.
Extra
Um filme inspirador
O insight para o Modelo do Estado Estacionário não veio de um laboratório, mas de uma sessão de cinema em 1948.
O Filme: The Dead of Night
Os três proponentes da teoria — Fred Hoyle, Hermann Bondi e Thomas Gold — foram assistir a um filme de terror britânico chamado The Dead of Night. O filme é uma obra de antologia com várias histórias de fantasmas, mas o que os fascinou foi a sua estrutura narrativa.
O filme termina exatamente da mesma maneira que começa. É uma narrativa circular: o protagonista acorda de um pesadelo, apenas para descobrir que os eventos do pesadelo estão começando a acontecer novamente na vida real, criando um ciclo infinito.
Observação: No Brasil, esse filme costuma ser traduzido como Na Noite do Terror ou mantido como The Dead of Night.
O "Momento Eureka" de Thomas Gold
Ao saírem do cinema, eles começaram a discutir a estrutura do filme. Thomas Gold teve o estalo:
"E se o universo fosse como esse filme? Algo que se expande e muda localmente, mas que, em larga escala, sempre volta a apresentar o mesmo aspecto, sem nunca ter tido um início ou um fim?"
A Lógica do Insight
A ideia era que, embora o universo estivesse se expandindo (como o filme que avança na trama), ele permanecia o mesmo porque algo novo estava sempre sendo criado para preencher os espaços (como o ciclo do filme que se reinicia).
No Filme: O final leva de volta ao começo, mantendo a história "estacionária" em sua estrutura eterna.
No Universo: A criação de matéria compensa a expansão, mantendo a densidade "estacionária" através do tempo.
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