PUFAMOS?
Aqueles que me conhecem de algum tempo pela internet, em especial nos digamos gloriosos tempos do ORKUT como um significativo meio de pessoas com interesse em ciência participarem de debates e trocarem informações sobre diversos conhece o meu argumento para que os criacionistas apresentem por quai mecanismos físicos e químicos o seu "criador" fez surgir do geológico (para não dizer o inadequado "do nada") um elefante em plena savana africana:
COMO PUF! UM ELEFANTE!?
Claro que tal pergunta jamais recebeu uma resposta a não ser um misterioso e transcendente "deus assim o fez" ou coisa similar.
Apresentado isto, sejamos bem claros: o trabalho de Craig Venter e sua enorme equipe não "PUFOU" a primeira célula artificial ainda.
A meu ver, e até retardei tratar deste assunto para buscar plena segurança no que apresentaria, somado ao fato que dado o enorme destaque na mídia apenas "choveria no molhado" apresentando o seu trabalho, o que Craig Venter e sua equipe fizeram foi colocar mai um complemento no túmulo do vitalismo, ou como prefiro, "princípio vital", a de que as substâncias bioquímicas só podem ser produzidas por mecanismos existentes nos seres vivos, que foi já ferido de morte com a síntese da ureia, por Hilaire Rouelle em 1773.
O que o microorganismo Mycoplasma laboratorium representa é que até a mais complexa molécula da vida, como o DNA, pode ser construído a partir de bases disponíveis em frascos de produtos químicos cmo outros quaisquer, compráveis nas empresas de química fina existentes pelo globo, por sua vez sintetizados a partir de moléculas triviais como alguns gases (ou mesmo de modificações radicais de compostos que há milhões de anos ou semanas deixeras de ser componentes de seres vivos, como respectivamente o petróleo ou o carvão e o álcool), e adiante, que tal DNA, já na forma e configuração ordenada (que tanto os criacionistas adoram destacar que é informação) de uma carga genética específica e pretendida, a colocar a funcionar plenamente num "maquinário" celular, e como consequência, trazendo ao mundo uma espécie jamais (pelo menos probabilisticamente) vista na história da vida na Terra.
Mas raciocinemos: se construi-se a chave da reprodução dos seres vivos e perpetuação de suas características, por uma molécula mais complexa, como não iremos fazer com proteínas, lipídios e carboidratos, que por meios independentes, já construímos há décadas.
Logo, deixemos bem claro, não PUFAMOS, mas digamos que a barra da letra P, e um tanto de sua curva, já traçamos com a mão segura de uma criança sendo alfabetizada, no caso, já conhecendo o GTCA da vida. Assim, com passos firmes, em breve diremos que sabemos não como PUF! UM ELEFANTE!, mas como PUF! qualquer bactéria que desejamos, podendo transformar a mais indigerível celulose e o mais repulsivo chorume de depósitos de lixo em combustíveis, fertilizantes ou plásticos.
Todo cuidado é pouco com o FUP!
Tenho uma posição bastante moderada com o que seja um ainda apenas afirmável como possível aquecimento global antropogênico.
Esta minha posição pode ser vista claramente aqui:
Prevenindo um futuro aquecimento global
Mas sempre repito um raciocínio simples, sobre seguras premissas, para, paradoxalmente, apresentar um problema que se soma ao que já apresentei com a questão dos supervulcões.
1.Sabemos que CO2 causa efeito estufa desde os tempos de Arrhenius, no século XIX.
2.Sabemos que estamos extraindo carbono de seu "esconderijo" nos combustíveis fósseis e o transformando em CO2 na atmosfera.
3.Sabemos que estamos diminuindo a capacidade da natureza refixar este carbono nas árvores (e posteriormente, mais destacadamente, no carvão mineral) ao diminuirmos a cobertura de florestas do globo.
4.Sabemos que estamos, desde o início da era industrial, ainda no século XVIII, mantendo este processo, e consequentemente, elevando, como evidente, o CO2 atmosférico.
Logo, independente de já estar ocorrendo um aquecimento global antropogênico, mais cedo vamos estar somando nossa atividade a um aquecimento global seja por que processo for.
Agora, alguns números:
Desde 2007 até 2008, o CO2 chegou ao índice mais alto registrado desde o início da era industrial (considerada aqui como após 1750) de acordo com o relatório da Organização Mundial de Meteorologia (WMO). Desde a assinatura o Protocolo de Kyoto, em 1997, o incremento foi de 6,5%, chegando a 385,2 ppm (parte por milhão), sendo apontado que chegará a 390 ppm ainda em 2010 (se já não chegou, pois nem estou focado aqui neste detalhe).
As emissões mundiais entre 2007 e 2008 aumentaram 2%, devida à queima de combustíveis fósseis e a produção de cimento (que colabora pela decomposição de carbonatos além da queima de combustíveis diversos). A China e a Índia colaboraram com as maiores altas neste período, respectivamente com 490 e 130 milhões de toneladas, enquanto as maiores baixas foram realizadas pelos EUA e Europa, respectivamente com reduções de 192 e 43 milhões de toneladas.
É apontado que há um milhão de anos não chega-se a 390 ppm por John Barnes, físico diretor do Observatório de Mauna Loa.
Os cientistas apresentam um consenso que o limite com consequências catastróficas é 450 ppm (tem-se sempre por base um momento claro de extremo efeito estufa durante o Cretáceo). As estimativas de aumentos das temperaturas apontam entre 1,5 e 4,5 graus Celsius.
Os dados apontam que mesmo com a interrupção de todas as emissões ainda por 100 anos haveria uma concentração 30% superior a de 1750.
Relacionando-se com isso, a derrubada de florestas colabora cortando a absorção, e somente o desmate da Amazônia já é apontado como colaborando sozinho com 1,5% do CO2 emitido mundialmente. E parar de cortar a Amazônia não vai fazer o CO2 voltar a ser absorvido (assim como também não utilizar biocombustíveis).
Por cálculos simples, partindo de 277,2 ppm em 1750, chagamos a 382,5 ppm em 2008, a uma média de 0,12% de incremento ao anos, do que chegaríamos, no mesmo ritmo a 450 ppm com mais 16,8% de incremento em 129 anos, mas não a taxas de crescimento como as atuais, evidentemente, muito mais altas.
Mas hoje, com aqui apresentado, em 11 anos as taxas foram de 0,57% médio ao ano, 4,7 vezes mais altas que a nossa média histórica calculada de 0,12%. O que nos faria chegar aos fatídicos 450 ppm em 28 anos.
Só como exemplo, as emissões dos EUA aumentaram 3,7% entre 1997 e 2008. Daí advindo as recomendações do Painel Intergovennamental Sobre Mudança de Clima (IPCC), de reduções das emissões das nações industrializadas entre 25 e 40% até 2020.
Só como efeito visível, aponta-se perdas de 1,5 trilhão de toneladas de gelo na Groenlândia desde 2000, e na Antártica, 1 trilhão de toneladas.
Esta massa de gelo, representa um volume de 2500 quilômetros cúbicos, aproximadamente, o que por si só já coloboraria com uma camada de água de quase 5 mm sobre toda a Terra, ou, em número mais importante, um elevação no nível dos oceanos de 7 mm. Pode parecer pouco, mas é mais um passo para enormes áreas de terra seca sumirem e principalmente marés muito mais intensas e destrutivas que as que já temos atuarem no futuro.
Assim, não afirmo como o fez determinada autoridade sobre o tema que "VAMOS COZINHAR!", mas afirmo que temos de qualquer maneira "EVITAR O FUP!", pois quando determinados mecanismos sinergéticos da ecologia forem desencadeados, tal como ocorreu durante um período do Cretáceo, em termos geológicos, nossos problemas poderão na velocidade que ocorrerão ser simbolizados com esta divertida palavrinha.
Fontes: Departamento de Energia dos EUA, Laboratório Nacional Oak Ridge
Janil Chade - O Estado de São paulo, 24/10/2009.
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