terça-feira, 17 de janeiro de 2017

As primatas verdades - II


Continuação de: As primatas verdades - I

Originalmente, “Verdades Objetivas vs Probabilismo” (na Natureza).

De um antigo quase violento “arranca rabo” dos nervosos tempos de debates no ORKUT.


Dados jogados, fugaz lápis sobre uma mesa e uma régua inconstante

Claro que a teimosia continuou:

"Tendo esta forma lógica, ela estabeleceria a conclusão de qualquer maneira, e não seria uma conclusão "probabilística"."
Não existe apropriação de dado na natureza que não tenha fator de erro.

Logo, sempre se trata de uma tomada de informação com um caráter probabilístico.

Se alguém discorda, diga sua altura. Mais simples, impossível.


Parece-me bastante óbvio que existe sempre uma imprecisão em qualquer medição, mas abordemos um problema imensamente mais profundo, e que relacionará esse inegável e permanente erro em algum nível com a instabilidade do que seja tudo que é natural.

Os ignorantes (pois são)  tem de aprender que o lápis que está na sua mesa tem um fator de probabilidade associado a estar sobre ela, e exatamente pela natureza quântica, no conjunto de todas suas partículas, pode estar agora em qualquer lugar do universo, e apenas o vê como maior região de probabilidade de seus componentes, e jura que ele é "um e ali".

Reforcemos o acima.

Imaginemos um elétron qualquer no lápis. Ele está probabilisticamente numa região mínima que chamamos “o elétron” tal, como ao redor de um átomo. Mas existe a probabilidade de ele “estar” há 1 milhão de anos-luz distante. Esta probabilidade é baixa, mas existe. É menor que a dele estar a um quilômetro, menor estas de ele estar a um metro, mas tais probabilidades existem, e é o que implica em ele não estar “dentro” do lápis, ali sobre sua mesa. Acredito que um metro já basta para não estar localizado na sua mesa, e dependendo do objeto e da escala, frações microscópicas já bastariam para fazer sem sentido o “aqui e agora” para qualquer elétron, e parafraseando Newton, o que é qualquer coisa senão uma infinidade de elétrons e outras partículas subatômicas?

Se tal raciocínio vale para um lápis, evidentemente valeria para um grão de areia, para uma gota de água, para um mínimo volume de gás, de plasma, de onde, infinidades de grãos de areia, de gotas, de gases e plasma permitem que no fundo, não se possa afirmar realmente, filosoficamente, que um planeta ou mesmo uma estrela, ou mesmo um enorme conjunto de estrelas como são as galáxias, tenha uma absoluta, pontual, “certa” posição.

O que no mundo apreciamos como “algo aqui ou ali” (um lápis, por exemplo) é uma média, uma aproximação, digamos. Aquele lápis, aquela montanha, aquele planeta, aquela estrela, etc, pois que coisa alguma na natureza não está implicada com uma ou com um conjunto de “funções de probabilidade”.

Pausinha no filosofês didático para uma triste ironia.

Martelos inadequados

Personagem “espuma” (se enraivece):

"Aliás, qual é a probabilidade da tua afirmação de que "toda a afirmação é probabilística" estar certa?"

Lembrou a já conhecida:

“Como o método científico pode garantir que o método científico funcione?”

Não é de se lamentar esse vício doentio de exigir algo como que um martelo pregue outro martelo numa tábua, achando que com isso está se sustentando alguma análise sobre essas ferramentas do pensar humano?

Tratando melhor a “babada” com minhas palavras: o que confirma a confiabilidade é o método científico é a análise filosófica do método científico, assim como o que confirma a natureza probabilística de toda apreciação da natureza, como nossas medidas, não é a natureza probabilística da natureza, mas o pensar profundo sobre o que seja a percepção da realidade, um filosofar sobre as detecções de fenômenos.

Martelo e prego, e não um insano martelar de outro martelo para usá-lo como um inviável prego, daí minha metáfora.


Sobre método científico, recomendo de meu amigo Átila Oliveira: OS MÉTODOS CIENTÍFICOS - atilassauro.blogspot.com.br

No meu Google Drive: [ Atila Oliveira - Os metodos cientificos ]

Voltando...


Estranhos comportamentos e fendas indecisas

As pessoas que querem entender o que seja realmente nossa percepção da realidade devem estudar pelo menos em nível de divulgação Física além das coisas clássicas do secundário, e começarão a entender que nem elas mesmas e sua apreciação da realidade são mais que probabilidades.

Elas tem de aprender sobre as implicações para a Física (e desta, de toda a Ciência) da "experiência da dupla fenda".


Se uma simples régua, por exemplo, é composta de partículas, temos de concordar que o conjunto que elas forma tem essa característica de função de probabilidade associada ao comprimento que ela mede. Átomos novos surgem (absorção de nêutrons vindo do espaço ao redor, o caminho inverso do decaimento dos nêutrons e prótons com emissão de elétrons, etc), moléculas mesmo decompõe-se por isso, portanto, a régua é relativamente instável, e logo, toda medida "exatista" é na verdade, sempre uma aproximação.


Pausa para uma questão “de ligação”

Um ponto importante do micro que interferiria no maior dos macros tratáveis é resumível numa simples pergunta:

Existem estrelas (ou outro corpo celeste) que transformam fótons em prótons (ou quarks que os componham)?

Essa pergunta, se respondida “sim”, implica que o modelo de universo estacionário, dentro de determinados moldes, de princípio copernicano “perfeito” (incluindo o tempo), tornaria a densidade do universo constante, mesmo com sua expansão. [Nota 1][Nota 2]
Assim, respondendo esta questão "por lógica", demonstraria a possibilidade num determinado ponto da história da Cosmologia de Estado Estacionário.


Já responder “não”, resposta que até o momento temos de diminuição da densidade do universo no tempo, o que concorda com o modelo “big bang”, seu então (até os anos 1960) modelo concorrente.

Ora, se se presta uma questão destas à Cosmologia, poderia ter similar questão para cada campo da ciência de objetos menores que o maior possível de ser tratado, que é o universo.

A questão está na raiz da Filosofia da Ciência, o problema do empírico vs do dedutível. Assim, para ciência popperianas, aquele conjunto todo que permite entender o mundo, a questão é fundamental.


Ideias abandonadas, desreferenciados insistentes

Obviamente, para quem entende minimamente do riscado, logo se acusa este tipo de personagem de defensor do Positivismo Lógico.

Interessante que mesmo conhecendo, eles sequer percebem isso, aliás, como foi o caso desse “lelé”.

Eles dizem inclusive que o que interessa é a forma lógica do argumento. Impressionante que com tanto rigor, mal percebem que não podem responder pergunta alguma sobre a natureza a não ser que já tenham tido a experiência da simples observação, como as triviais cores das penas de aves, mas é claro que nessas horas esquecem-se de que isso também é Ciência, e postam-se como os conhecedores dos mais profundos mistérios do universo, como uma inteligência cósmica criadora de tudo e sua permanente ou específica ação, a infinitude ou não do tudo-que-existe, a existência de uma alma transcendente ao corpo, a causalidade mais profunda de todos os fenômenos, o determinismo destes, etc.


Como sou um pobre ignorante, já considero uma glória se resolverem o problema irritante de meu corvo vermelho.

Da Origem de Determinados Argumentos Tolos – V - O nascimento do empirismo

Para um quadro mais amplo da questão, aquele que considero um de meus mais simples e didáticos textos:

Ovelhas no campo, a cor dos cisnes e dos corvos. - Scientia est Potentia


Notas

1.Na verdade, a existência de corpos celestes que transformem fótons em prótons é a meu ver e de muitos (bem mais capacitados do que eu, obviamente) uma pseudo-solução para a densidade do universo se manter constante, pois exigiria um número crescente de fótons surgindo para manterem-se produzindo prótons (e qualquer outra partícula).

Acrescento aqui a seguinte tradução:

Criação contínua de matéria - De: Alternative cosmology - rationalwiki.org

Há problemas que podem ser atribuídos à idéia de que a matéria está passando por uma criação contínua em todo o universo. Como apontado pelos críticos da teoria, a maioria das versões de tais propostas pareceria violar o princípio da conservação da matéria. Os defensores do SST (Steady State Theory, Teoria do Estado Estacionário) rejeitaram tais críticas alegando que a criação contínua de matéria poderia envolver uma energia de fundo ou um campo de partículas como o Campo de Ponto Zero como fonte deste material de criação e que não tinha sido contradita por nenhuma evidência observacional. Bondi propôs que a matéria recém-criada provavelmente estaria na forma de átomos de hidrogênio, criados inteira ou individualmente como elétrons e prótons. A taxa de criação exigida pelo perfeito princípio cosmológico seria satisfeita mesmo se alegadamente a cada 10^9 anos um átomo de hidrogênio fosse gerado por cada litro de espaço. De acordo com a SST, uma taxa de criação tão pequena não seria observável em escalas estelares, somente nas maiores escalas do universo relativas a uma densidade constante de matéria.

Outro problema era que os teóricos da TSM não podiam oferecer nenhuma evidência direta para esse processo de criação. Diferentes mecanismos possíveis foram oferecidos por Bondi e outros, mas os críticos consideraram tais propostas como ad hoc com a finalidade de manter a desejada constante (estado estacionário) da densidade. Ao contrário da exigência do Big Bang referente a maiores densidades galácticas no passado (baseada em um universo em expansão), os teóricos do estado estacionário acreditavam que apenas uma constante densidade de matéria do universo poderia explicar as densidades galácticas que eles acreditavam estarem observando nas maiores distâncias do universo, bem como nas proximidades.

No início dos anos 30, antes de sua aprovação do modelo do Big Bang, Einstein desenvolveu seu próprio modelo de estado estacionário envolvendo a nova criação da matéria para manter uma densidade de matéria constante de um universo em expansão. Os mecanismos de nova criação discutidos foram semelhantes às propostas anteriores de Paul Dirac e James Jeans. Ele escreveu um artigo relacionado a essa proposta, mas decidiu deixá-lo de lado em seus arquivos, em vez de publicá-lo.

Uma proposta corrente do mainstream da criação contínua da matéria envolve a radiação de Hawking e a idéia que perto do horizonte do eventos de buracos negros, as partículas podem ser criadas pelas flutuações do vácuo que poderiam criar a matéria nova neste universo. Isso poderia ser na forma de elétrons, pósitrons, e possivelmente prótons e anti-prótons. Essa idéia parece ter parentesco com a criação em estado estacionário de matéria e criação de matéria de campo 'C' da cosmologia quasi-steady-state (cosmologia do estado quase estacionário) explicada abaixo, mas em uma escala muito menor. Por criação de matéria nova e radiação de energia, os buracos negros poderiam evaporar-se da existência.

Recomendo: Errors in the Steady State and Quasi-SS Models - www.astro.ucla.edu


2.Princípio Cosmológico Perfeito


O Princípio Cosmológico Perfeito afirma que o Universo é homogêneo e isotrópico no espaço e no tempo. Nesta visão o universo parece o mesmo em toda parte (em grande escala), o mesmo que sempre foi e sempre será. É o princípio que sustenta a teoria do estado estacionário e que surge da teoria da inflação caótica.

O Princípio Cosmológico Perfeito é uma extensão do Princípio Cosmológico, que afirma que o universo muda sua característica bruta com o tempo, mas não no espaço.

Uma “nota mental”: Merece tradução; Absolute time and space


Anexos

"As redes sociais dão o direito de falar a uma legião de idiotas que antes só falavam em um bar depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a humanidade. Então, eram rapidamente silenciados, mas, agora, têm o mesmo direito de falar que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis" - Umberto Eco - www.bbc.com

“O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade” - Umberto Eco - observatoriodaimprensa.com.br

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