terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Pitacos I

Pitaco: 1) Palpite. 2) Opinião desnecessária sobre fatos que desconhece, enxerimento. 3) Sugestão - geralmente, uma sugestão sem muito fundamento ou de gente intrometida que nada entende sobre o assunto em questão. 4) Opinião, ainda que não solicitada. 5) Contestação de alguma resposta, ou algum fato.

Nesta série de blogagens, reunirei alguns esboços de futuros artigos de mais peso (que já atulham meu Google Docs), alguns inicialmente capturados de debates no ORKUT.

Lótus é nobre flor que nasce na lama. - Provérbio Hindu

Einstein, a relutância contra a Mecânica Quântica e outras "fisiquices"





Niels Bohr e Einstein



É relatado que Einstein foi impedido de falar sobre a Teoria da relatividade quando de sua premiação no Nobel pois seria algo muito revolucionário e um volume ainda enorme de físicos não aceitava suas afirmações. Até listas de físicos que se opunham à Relatividade foram feitas, o que gerou de Einstein a famosa frase, quando de uma compilação com idéias de 100 cientistas que contradiziam Einstein, editadas num livro chamado "Cem autores na contramão de Einstein": - "Para que cem? Se eu estivesse errado somente um bastaria".

Tais tristes fatos foram mais tarde repetidos pelo próprio Einstein, quando não conseguiu distinguir o que seja bobagem do que seja um preconceito. Assim como Eisntein foi discriminado no começo por pessoas da "velha-guarda" da Física, todos sem exceção com raciocínio cartesiano/newtoniano de um absolutismo de tempo e de um fixismo dos valores do tempo e do espaço, como cenário perfeito onde se dão os fatos, os eventos, onde se desenrolam os fenômenos físicos, depois discriminou pessoas mais novas (e nem tanto) e com mentes mais abertas que discursavam sobre a nova física do quântico.

E Einstein "caiu nessa", por ser meio que um dos últimos de uma tradição "descritiva" da Física, com teorias que são clássicas, de cálculo, equações diferenciais, etc, aplicados à natureza, até porque complementava Newton, e simplesmente embestou (o termo é grosseiro mas é exatamente isto que ocorreu) de não se dedicar a entender a natureza pelos métodos e ferramentas da Mecânica Quântica. Aliás, tentou enfrentá-la, vide o paradoxo EPR e outras tentativas desesperadas de descredibilisar o modelo quântico que ele mesmo deu a partida (com o efeito fotoelétrico).

O mesmo se deu quando não aceitou determinadas consequências da própria Relatividade que chegariam as mais profundas questões do Modelo FLRW, e logo, do que chamamos popularmente de "Big Bang".

A Lemaître teria dito: “Seus cálculos matemáticos são corretos, mas sua física é abominável.”

Einstein tinha atração por um mundo completamente geométrico, exato e determinístico, e por um universo infinito e eterno, aliás, filosoficamente confortável (Novello trata deste ponto em "O Que é Cosmologia?"), mas posteriormente, mostrado irreal.

Recomendações de leitura:

- O MAIOR ERRO DE EINSTEIN?

- Tim Folger; Einstein's Grand Quest for a Unified Theory;

- A saga de Einstein por uma teoria unificadora, Por Catherine Goldstein e Jim Ritter : De 1916 até sua morte, em 1955, Einstein se esforçou para elaborar uma teoria que unificasse a gravitação e eletromagnetismo. Contrariamente ao que se pensa, sua busca não foi em vão. Scientific American Brasil - Edição especial Ed. 34

Neste último artigo, tem-se a citação que certa vez afirmou que julgava que a natureza tinha de se expressar por equações matemáticas simples (de modo contundente e excludente de qualquer outra forma), ao ponto de afirmar em uma conferência em Oxford, em junho de 1931:

"A natureza é a realização das idéias matemáticas mais simples (...) e nós podemos descobrir, por meio de construções matemáticas puras, esses conceitos e essas relações (...) que fornecem a chave da compreensão dos fenômenos naturais."

Foi parabenizado por Wolfgang Pauli em 1929 com a seguinte frase: "-Só me resta felicitá-lo (ou devo dizer, sobretudo, apresentar minhas condolências), por ter passado ao campo dos matemáticos puros."

Paradoxalmente, afirmou em 1923 a Hermann Weyl:

"Creio que todas as pesquisas a partir de uma base puramente formal dos conhecimentos físicos não trazem nada de novo."

Outro que simplesmente embestou, e diga-se na verdade, com muito menor intensidade, por caminhos deterministas, mas paradoxalmente, chegando à conclusões indeterministas, sem grande destaque do que poderíamos se hoje chamar de "mídia", e em pontos mais basais foi POINCARÉ*, mas entendamos que morreu em 1912.

*Como dito por um grande físico durante as Conferências de Solvay, "Einstein e Poincaré formavam um grupo a parte".



Henri Poincaré



Mas Poincaré se dedicou mais a sustentação do que seriam os embriões, as bases matemáticas, da Relatividade, e curiosamente, já havia tratado das questões de indeterminismo para sistemas multiparticulados.

No livro de Gamow, "Um, Dois, Três... Infinito"**. apresenta-se que seus problemas eram mais com as próprias descobertas que fez sobre os sistemas multiparticulados, inclusive sobre as órbitas dos planetas (problemas de mais de três corpos, etc...). Lá também estão seus raciocínios simples mostrando que mesmo num jogo de bilhar, quando passa-se de 9 tabelas, praticamente TODAS as variáveis do público que está assistindo, até mesmo sua respiração, influenciam na partida.

**DOWNLOAD em PDF

Como foi muito bem dito sobre Einstein num documentário da THC ("A Sinfonia Inacabada de Einstein"), "eram homens do século XIX".

"É função da mocidade ser profundamente sensível às novas ideias como instrumentos rápidos para dominar o meio; e é função da idade madura opor-se tenazmente a essas ideias ; isso faz com que as inovações fiquem em experiência por algum tempo antes que a sociedade as ponha em prática. A maturidade atenua as ideias novas, redu-las de modo a caberem dentro da possibilidade ou a que só se realizem em parte. A mocidade propõe, a maturidade dispõe, a velhice opõe-se. A mocidade domina nos períodos revolucionários; a maturidade, nos períodos de reconstrução; a velhice, nos períodos de estagnação. «Dá-se com os homens», diz Nietzsche, «o mesmo que com as carvoarias na floresta. Só depois que a mocidade se carboniza é que se torna utilizável. Enquanto está a arder será muito interessante, mas incómoda e inútil.»

Will Durant (1885-1981), historiador e escritor estadunidense, em "Filosofia da Vida"

Vemos que quem estava com Einstein era o pessoal "mais velho", os "dezenovecistas", enquanto o mais novos aceitavam melhor o modelo quântico, um novo mundo de indeterminismo e liberdade da matéria, e isso mostra que no final das contas os cientistas depois de ficarem com as mesmas idéias na cabeça por tanto tempo, essas podem cristalizar-se como verdades absolutas, dogmatizam-se, gerando uma série de preconceitos na ciência e causando uma dificuldade da mesma em avançar e acelerar-se. Sorte que sempre haverão novas gerações de pesquisadores para continuar a desvendar os mistérios da natuteza.

Devemos entender, que repetindo o problema do "mundo do Nobel" com a relatividade, na época do Einstein não era tão óbvio assim que a mecânica quântica era um teoria sólida, e ele foi um pouco mais relutante do que a média, mas não devemos criticá-lo duramente por isso, mas talvez...


relativizá-lo.



"Honra o passado/mas acolhe o futuro."

e. e. cummings - poeta estadunidense

"Nada é tão duradouro quanto a mudança."

Karl Ludwig Börne - escritor alemão

"Todas as coisas que hoje se crêem antiquíssimas, já foram novas."

Tácito

"Para ver o mundo num grão de areia
E o paraíso numa flor selvagem
Segure o infinito na palma de sua mão
E a eternidade em uma hora"


William Blake

Colaborações (inclusive roubadas): P ε ν α θ Ω , Beowulf, grandes personagens ORKUTianos.

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