sábado, 27 de junho de 2009

Transformers - A Vingança dos Derrotados II

Além de Beethoven e a morte de Michael Jackson


Ouvi rapidamente pela BandNews a crítica sobre Transformes - A Vingança dos Derrotados, acredito que pela excelente Tatiana Vasconcellos, e tenho de concordar inteiramente com ela.

Esta continuação tem tanta ação, e tão constantemente, que cansa, e chega ao ponto de causar não admiração pela técnica cinematográfica apresentada, mas sim, tédio.

Aqui, certa vez, vi uma entrevista com Spielberg sobre Tubarão, quando explicou o porquê do filme ter um determinado impacto, ao de só apresentar após longo período o animal, e o que aprendeu com Alfred Hitchcock - de que um filme não deve ter mais que três sustos, e alternar momentos de tédio com cenas "de arrepiar".

Considero inclusive que Hitchcock acrencentou em Psicose um elemento a mais, que é alternar o afeto que temos, genericamente, independentemente do sexo, por mulheres bonitas, ao colocar Janet Leigh, uma das mulheres mais bonitas do cinema de então, para após alguns minutos de filme, ser fatiada numa banheira.


Qual o segredo do impacto que nos causam tubarão e inúmeros filmes de ação e terror que consideramos "bons" e ficam em nossa memória, e exatamente por estes conselhos do mestre Hitchcock?

Nosso cérebro é uma máquina de estímulos, permanentemente a alternar momentos de até apatia com excitação. Assim, um permanente ruído passa a ser tolerável, e depois de um tempo, excetuados "limiares da dor", a marca que o sistema de audição vai apresentar dano, passamos a nem percebermos tal ruido.

Percebemos muito mais um objeto que se move que uma paisagem estática, e apontamos nossa visão exatamente para o primeiro corpo em movimento numa paisagem estática. Até os odores nos saturam. Aliás, até os sofrimentos nos saturam, vide os inúmeros relatos de apatia frente à desgraça nos campos de concentração nazistas e outros ambientes similares.

Assim, para nossa vida ter "graça", inclusive na felicidade momentânea e até por uma vida inteira, esta não pode ser intensa e extremament duradoura, mas "em pulsos", e até os filmes tem de saber dosar tal coisa.

Os grandes mestres da música fazem sempre isso, basta ver qualquer composição de Beethoven, nisto, um mestre entre os mestres, como a 5a, a 7a ou a 9a sinfonia, as quais destaco. Jamais caem no que em composição se chama, até adequadamente, monotonia. Chegam a alterar momentos de quase causar sono com explosões do que há anos li como "a energia beethoveniana" - e esta própria expressão, pelo seu impacto, marcou meu cérebro até hoje.


Conhecimento idêntico possuiam e possuem os grandes pintores, com suas explosões de cor ou um ponto de destaque em meio a um quadro monótono em colorido.

Uma característica que é de se destacar no cérebro humano é sua relação com o estado do corpo que coordena e do qual inclusive depende com a comunicação através da dor. Dor, geralmente, indica o limiar de um estrago ou a já ocorrência de um. Mas não além de um determinado limite, quando alguns mecanismos inclusive bloqueiam a dor, pois do contrário o estrago poderia ser ainda maior.

O uso de analgésicos tem o perigo do uso crescente e da dependência física, que a menor dor, passe-se a usá-los, e os receptores encarregados de tal sistema vão ficando cada vez mais sensíveis a qualquer dor, e a dosagem do analgésico passa a ser crescente.

Jerry Lewis foi viciado em analgésicos, assim como Matthew Perry, de Friends. Já uma primeira notícia sobre a causa da morte do "rei do pop", indica que talvez o uso de analgésico tenha sido a causa. Ainda não podemos dizer.

Mas independente deste resultado, sentir dor é um tanto bom, pois os momentos de alívio são uma grata recompensa, assim como um dia de trabalho ou uma sessão de exercícios intenso leva à um repouso mais prazeroso, assim como partes de filmes serem um tanto chatas leva a grandes momentos, pois nosso cérebro é uma máquina viciada no contraste.


Viram como é fácil através do contraste causar o máximo de impacto?

(A famosa mãe empalhada de Norman Bates, de Psicose, de Hitchcock, 1960, de onde se conclui que Bates era um psicopata, mas também um péssimo taxidermista)

terça-feira, 23 de junho de 2009

Transformers - A Vingança dos Derrotados

Mas ainda maior a ascenção dos bytes e a queda dos custos.




Hoje fui, na folga em que estou, assistir o novo Transformers. Claro que a bobajada de antes, e ainda maior, mas com a infeliz perda da graça de uma certa naturalidade na vida das pessoas envolvidas na aventura e um toque humano que agora é massacrado por toneladas de fantásticos, quase inacreditáveis, efeitos especiais, tanto de computação gráfica na modelagem quanto aplicada às tomadas, mais efeitos clássicos de explosões e perseguições. Qualidade que inclusive admiro em Michael Bay, a de fundir alta tecnologia com as técnicas clássicas, e ainda por cima, ter uma fotografia e maneira de movimentar a câmera e os "tempos" como poucos no cinema.

Saindo do cinema, fui ver a quantas andavam meus pontos numa das empresas de celular que uso, e descobri que já tinha direito a tirar de graça um celular, que embora não tenha sido (e poderia, com mais uns 1000 reais, ou ainda 300 e um plano absurdamente caro, ser o que pretendo comprar/ter em breve), mas me dei por satisfeito com um modelo com mp3 e 512 Kb de memória.

Mas onde quero chegar?

Ainda mais falando de um filme adolescente "mais que pipoca", que é nulo em ficção científica e tal nem deve ser comentado, para poupar os fãs dos robôs que formam-se por si, sem vida bioquímica e suas nobres intenções com os humanos, seus antagônicos espumando de ódio por qualquer coisa e que todos se transformam ou em máquinas de guerra (muito bem...), ou em simpáticos carros que podem ser vendidos a jovens endinheirados, agora até populares compactos ou grandes caminhões que rendem ótimos brinquedos para os que não podem comprar carros ou nem sabem qual carro que seus pais tem, independentemente de também máquinas de trabalho pesado serem incluidos entre os "bandidos" (o que me dá a entender que a HASBRO procura desmotivar o trabalho honesto, menos os de caminhoneiros, o que é muito mal...).

O primeiro Transformers, apesar de soberbo em técnica, tinha metade se não menos computação gráfica que este, e as transformações dos robôs, mesmo naquele nível de qualidade, pela complexidade, eram relativamente demoradas.

Agora são instantâneas e inclusive em pleno movimento, como correndo. Os movimentos estão mais naturais e a interação com o cenário/paisagem impressionante.

Nada mais que a Lei de Moore não cause, e nada mais que a progressão desde Tron (e antes ainda), desde Jurassic Park e dai por diante evidencie-se no cinema.

Mas, e meu celular?

Primeiro falemos de meu primeiro mp3. Era um aparelho de 256 Kb, de "grife", e custou aproximadamente 350 reais. O celular que comprei tem o dobro disto, e inclusive me foi, fora óbvia e até desnecessariamente falando, dado de graça com o celular propriamente dito.
Mas recentemente, necessitando de uma pendrive, comprei um aparelhinho de mp3 de 2 Gb por 60 reais. E pior, em pleno "shopping chão", ou se preferem, camelô.

Alongando o problema, e somando pontos ao gráfico que estou querendo que montem mentalmente, mais que visualizem, coisa abundante na internet sobre o tema para fazer, lembremos que meu primeiro computador "de grife", um IBM pentium 100 Mhz, tinha um HD de 1,2 Gb. Hoje poderia funcionar com uma sobra de meu aparelho de mp3, e ainda mais, meu Palm opera sem problemas com um cartão de 256 Kb (só guardo planilhas mesmo) e este ocupa 4 vezes mais área que o cartão de memória deste celular que comprei...perdão, ganhei como reembolso pelos excessivos gastos no serviço que utilizo da operadora.

Então pensemos: dentro em breve, os celulares terão memória de 16 vezes (ops, é o que eu queria!), os mp3 terão capacidade, por exemplo, 4 vezes maiores (ops-2, poderia comprar em qualquer loja, e mesmo determinados camelôs, se não fosse além de pão-duro, preocupado com roubos ou assaltos e seus inexoráveis prejuizos - além de garantias), computadores de mão serão tão potentes quanto seus atuais micros de mesa (ufa! ainda não são, na imensa maioria, tanto de um caso quanto de outro), etc.

Mas mais que tudo isto: o celular com as especificações que quero será o próximo celular gratuito (ou "indenizante"), o aparelho de mp3 que hoje acho além de caro arriscado será o de camelô e o computador de mesa que hoje utilizo caberá num aparelho não maior que o celular que desejo (que realmente é grande... a i n d a).

Ou seja, para todo lado, a Lei de Moore impõe sua marcha, e a correlata redução de custos e preços que lhe acompanha.

Pensemos nos seus limites.

Primeiro, o físico. Se hoje utilizamos já luz ultravioleta para a confecção de chips, pelo comprimento de onda desta região do espectro da luz, e mesmo para a gravação de discos óticos utilizamos o azul, mais "estreito" que o vermelho dos velhos CDs, em breve usaremos raios X, e raios gama, e aí enfrentaremos uma limitação física bem clara (e as questões de engenharia ao se usar estas regiões do espectro nem entram na questão, pois a limitação há, e é inegável).

Acredito que nem preciso falar que átomos tem tamanho, logo, este tamanho já é um limite físico da miniaturização.

Mas...

Em segundo, temos a limitação do espaço que ocupa-se, mesmo com miniaturização, pois um chip com componentes mais miniaturizados, se muito, mas significativamente muito e exatamente proporcional aumento de capacidade (que não necessariamente relaciona-se com a velocidade, vide o que seja a memorização), tenderá a ser maior. Logo, podemos dizer que mesmo com a miniaturização, poderá haverá o crescimento de componentes complexos.

Porém...

Como nos alerta Raymond Kurzweil, devemos ter em mente que temos paradigmas que ainda são predominantes em nossa tecnologia, e serão quebrados. Os chips, por exemplo, ocupam ÁREA e não VOLUME (no sentido de projeto, entendamos).

Assim, um chip imensamente dotado de componentes miniaturizados, tendo por exemplo 1 milhão de transistores (e nem estamos falando de algo insano, muito pelo contrário, na verdade, estamos mil vezes acima disto!), terá mil por mil transístores em sua superfície, mas se configurado para elevar-se em camadas, com apenas 10 camadas já teria 10 milhões na mesma densidade por área, e se ocupando na mesma densidade volume (dadas as diferenças, óbvio), e homogeneamente, já poderia ter 1 bilhão, e nos tamanhos dos atuais chips, poderíamos ter chips com milhares de a capacidade dos atuais, por exemplo, com cubos de arestas de idênticas medidas aos chatos (planos, perdão pelo trocadilho barato) chips de hoje.

Assim, basta hoje para ganhar o celular que deveria comprar, esperar mais alguns meses, o mp3 que caberia um número mais confortável de minha gorda coleção de música ser quase descartável no camelô da esquina, ou o computador que hoje faz a tarefa que desejo com aspecto profissional sem ter de recorrer a um prestador de serviço ser comprável no supermercado por menos que uma televisão obsoleta (sim, esqueci este mundo da eletrônica em feroz avanço), e assim por diante.

Imagine o que representará, em capacidade de memorização de dados (seja valores, seja informação textual), a base sobre a qual construimos nossa tecnologia e economia, ou mais ainda, o que representará a troca destas informações, ou esta "pressão" sobre a humanidade. E tudo isto com custos ainda decrescentes.


Mas também bastará esperar mais um tanto, e o carro que você estará dirigindo poderá ou ajudar a conquistar a garota mais bonita da escola (mais que os de hoje já fazem) ou lhe salvar da mais perigosa (coisas que os de hoje só fazem quando você foge neles).

domingo, 7 de junho de 2009

Exterminador do Futuro: A Salvação III

Arnold DigitalSim, ele está de volta ao filme, com o rosto e o corpo (aliás, suspiros femininos e alguns raros masculinos no cinema) e graças o bom senso do diretor e roteirista, sem abrir a boca.

A magia da computação gráfica já permite eternizar alguns de nossos ídolos, muitas de nossas estrelas, os melhores vilões e qualquer personagem cristalizados no tempo como necessário for. Isto também é marca da pressão que a Aceleração em rumo à Singularidade Tecnológica faz com os produtos culturais.

Basta citar que do dragão de Coração de Dragão, primeiro personagem digital com fala, até Final Fantasy, mais e mais independe-se de atores quando se tem recursos, e não esqueçamos que como escrevi anteriormente, cada vez menos recursos são necessários para as mesmas tarefas.

E afirmo que mais virá por aí. Assistiremos filmes inteiros com boa parte do elenco não sendo real e nem mesmo perceberemos.

Mas agora, tratemos de um aspecto interessante deste novo Exterminador, e o que nos faz, no caso infelizmente, humanos.

Uma das marcas deste Exterminador, e que pelo que já percebi, passou em branco à grande maioria dos menos atentos, é que a humanidade na "realidade" em que a história se passa não é coesa em suas responsabilidade, e acrescenta-se um lado "meio Mad Max" ao contexto.

Explico: existe os perdidos pelo deserto, mais interessados em violentar a piloto gostosa do que em apoiar a resistência, em lutar por restos de comida do que sobreviver, e aqui não se trata de um ou outro traidor da resistência/humanidade aos moldes do primeiro Matrix, mas sim, uma parte significativa de personagens que pipocam ao longo do filme.

Daí, tenho de dar uma pequena parcela de razão às máquinas. Alguns seres humanos, diferentemente do que pensou Einstein, não é que não possam pensar sozinhos - não podem continuar vivendo. ( ;) )

E os macacos não tem nem mesmo a graça fruto da perfeição de design abaixo...




...nem sua obsessiva dedicação aos seus protegidos, vide mães que colocam seus filhos recém-nascidos no lixo.

Tenho coragem de dizer: a obra seminal de James Cameron entende muito mais a humanidade que os devaneios barrocos-cyberpunk dos irmãos Wachowski e sua estética gótica. Na verdade, o acréscimo da ótima estética dos anos 80, do "eletrônico pesado pós-punk", o "industrial" e seus fãs ao mundo originalíssimo de Ghost In The Shell - de onde aliás, não negam os irmãos a "chupação", para mim, uma das obras primas não da animação japonesa, mas de toda a ficção científica, e que guarda íntima relação em argumento tanto com Exterminador, quanto de Matrix: as máquinas/computadores não tardarão a se tornar autoconscientes, apenas tendo dois limites de caminhos com graduações, e tratemos quais são.

Ou apenas tentarem sobreviver, como organismo pensante que se tornou, coisa que como tratou com eloquência Schiller para a Ode à Alegria da obra prima da música, a 9a de Beethoven:

Alegria bebem todos os seres

No seio da Natureza:

Todos os bons, todos os maus,

Seguem seu rastro de rosas.

Ela nos deu beijos e vinho e

Um amigo leal até a morte;

Deu força para a vida aos mais humildes

E ao querubim que se ergue diante de Deus!

Talvez se erga um software diante dos homens, tal como em Ghost In The Shell, apenas tentando salvar os próprios bytes. Talvez se erga (e tomemos providências para que não) um escravo rebelde a desejar preservar sua espécie, como em Matrix, com todas suas terríveis consequências, ou...

...talvez um poderoso anjo rebelde, armado de poderosa espada (citando Salim Abu Aziz, o líder terrorista de True Lies, de James Cameron) como em todo o universo de Exterminador do Futuro.

Exterminador do Futuro: A Salvação II

As Motos, Gigantes, Seus Micros, Uma Lei e Nossas Guerras




Atentem para momentos fantásticos de efeitos especiais, concepção tecnológica e projeto aplicado ao universo ficcional de Exterminador. Exterminadores "motos" descem das pernas de um exterminador gigantesco, com canhão sobre o ombro aos moldes de Predador (citação?) e este mesmo gigante se dobra e se adapta à aerodinâmica de uma das naves da SkyNet, que desde o primeiro filme, já são uma preciosidade de design, tão robusto que permaneceu em toda a série até aqui.


Desta mesma nave "mãe", desgrudam-se as já conhecidas naves menores.


Onde quero chegar?

O design e a capacidade de se representar estruturas complexas, tanto arquitetônica quanto mecanicamente no cinema tem crescido com relação com a Lei de Moore, e tal é perceptível desde os 7 ralos minutos de Jurassic Park até os últimos filmes com criaturas vivas as mais diversas e os mais que complexos Transformers.

Isso guarda relação com o que seja Singularidade Tecnológica, e o conceito que acho fundamental ser relacionado com o que seja Singularidade, que é o que denomino pelo óbvio termo "Aceleração".

Aposto o quanto quiserem que o próximo Exterminador vai ser "esmagador" em matéria de máquinas e equipamentos, de ambos os lados, pois desde que dinossauros caminharam pela graça da computação gráfica, aliás,... minto... desde que tanquezinhos coloridos de vídeogame andaram lentamente em Tron, tudo é possível no visual, basta dinheiro, e mais e mais, MENOS dinheiro, pois a lei de Moore implica em redução de custos para os mesmos resultados técnicos ao longo do tempo, e assim, mesmo produções mais baratas tornar-se-ão mais e mais requintadas computacionalmente.

Em suma, como expressou-se meu amigo Carlos durante o lanche após o filme, cada vez mais se acredita no que se vê, mesmo sabendo que se passa no imaginado, e o futuro se solidifica diante de nossos olhos, pelo menos em possibilidades de projeto, e aqui vem o maior mérito do cinema de ficção (mesmo se "em televisão") desde Planeta Proibido e seu "filhote", que é Star trek.

Os celulares que hoje usamos e até nosso vestuário é e continuará sendo influenciado pelo universo SciFi, e bugigangas continuarão a ser inspiradas por ele. Mas nem só de bugigangas vive o homem, e quem duvida que numa das próximas guerras entre países desenvolvidos e alguma republiqueta protetora de grupos terroristas, ou invasora de pequena nação desprotegida e desarmada vizinha, seus valentes soldados não vão ser exterminados..., perdão, expulsos e presos por algo como isto:




E para entender o porquê de tal ser possível, percebam a capacidade de seus micros, dentro do próximo ano, a velocidade da internet, a qualidade visual e realismo de seus vídeogames, os próximos filmes contendo efeitos especiais e mais que tudo, entendendo que o que seja um filme de centenas de milhões de dólares é uma fração ínfima do que seja o que apresento em Poder militar dos EUA e a relação disto tudo com até o momento ainda muito distante de ter sua marcha diminuída Lei de Moore.

No mais, corram para os cinemas!

sábado, 6 de junho de 2009

Exterminador do Futuro: A Salvação

A salvação de uma ótima idéia


Sábado fui ver, já em meu primeiro tempo livre, não uma continuação, mas o renascimento de uma ótima franquia dos "big movies".

Exterminador do Futuro é um ótimo argumento original desde o primeiro filme, e embora "eu tenha problemas" com viagens no tempo em direção ao passado (de forma alguma para o futuro, pois afinal de contas, estou viajando a aproximadamente 60 segundos por minuto, fora as distorções relativisticas, nesta direção), a idéia de máquinas que chegam à consciência e resolvem acabar com o macacos pelados que além de empestar o planeta ainda atrapalham suas eletrônicas vidas me fascina.

Este tema inclusive será em breve tema de um gordo knol em elaboração, sobre a Singularidade Tecnológica, e todas as suas implicações em nossas vidas, desde o custo de nossos aparelhos de mp3 até mesmo o knol onde lerão este tema, ou a Wikipédia que podem ter a pouco consultado neste link.

Existe uma ponte entre Exterminador e Matrix, e imensos abismos que os separam. Em Exterminador as máquinas estão em guerra conosco, mas ainda não perdemos, apenas estamos apanhando. Em Matrix perdemos, e continuamos apanhando no pouco que nos resta, e muito. Em Matrix as máquinas dependem dos corpos humanos, em Exterminador, quanto muito precisam de algumas de nossas moléculas para produzir mais de nossos tecidos, e para usá-los para acabar conosco de vez (preferencialmente iniciando pelo macaco pelado mais criador de problemas).

Tratando do filme, máquinas pensantes pensam melhor que humanos, e constroem máquinas melhores que as que construímos, assim, nos enfrentam quase com naves de outra civilização avançada (e o são, não esqueçamos), enquanto os enfrentamos com jipes, helicópteros da guerra do Vietnã e aviões A10, usados duas vezes contra o Iraque, por exemplo.

Ou seja: as máquinas de Exterminador são fantásticas para criar máquinas melhores para acabar com humanos, e nós humanos, continuamos a usar as máquinas que construímos para matar outros humanos. Mais que tudo, Exterminador e Matrix são mostras do mesmo mecanismo paranóico que temos de que nossas criaturas sejam os nossos futuros algozes, exatamente porque carregam um tanto de nossa medíocre genialidade, a melhoram, mas muito mais de nossa assumida maldade. O mesmo sentimento que moveu o mito do Golem e posteriormente a base de todos o produtos culturais destas distopias, Frankenstein* (O Moderno Prometeu**), de Mary Shelley.

*Leiam este verbete da Wiki e mais que tudo, entenderão o que virá a seguir.

Apenas Asimov pensou em robôs que de tão melhorados no humano, são como robôs melhores (moralmente) que nós como humanos.

Talvez marchemos para **roubar o fogo dos deuses, e estes serão nós mesmos, e não nascerão máquinas, nem ladrões, de tanta maldade e frieza quanto as de Exterminador, nem de Matrix, e sim, as caracterizadas pela falta de todos nossos piores defeitos, e a chama de tal fogo roubado chegue a iluminar o mundo com luzes que nunca obtemos.

Mas isto será tema para outra abordagem sobre o que achamos que somos, e não somos, e o que as máquinas são, e na maioria das vezes, achamamos que elas não são.

Assim, saiamos da filosofia de boteco após três ou quatro cervejas e falemos de tecnologia, especialmente em Exterminador, interna e externamente ao seu universo ficcional...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Evoluções e Combinatória III

4.Amina e carboxila

Primeiramente, vamos esclarecer que as terminações moleculares, como também podemos chamar de radicais, amino (ou amina) e carboxila (ou ácido carboxílico, embora com algumas ressalvas) gozam de uma propriedade interessante: estes radicais se ligam, amino com carboxila, e formam moléculas maiores, ou em termos mais técnicos, a partir do que chamamos de monômeros, formam polímeros, de moléculas pequenas, compõe moléculas maiores, em cadeias destas menores.

Esta composição de moléculas pequenas em maiores tanto forma as proteínas que nos estruturam, desde uma bactéria até uma baleia azul, como são aproveitadas em alguns de nossos mais resistentes polímeros, como o nylon, que por este mesmo motivo são também chamados de poliamidas.

Como exemplos simples de aminoácidos, apresentamos:

Um quadro dos aminoácidos das atuais formas de vida:

http://www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquimica/imagens/TABELA_AA.GIF

Como exemplo de um trecho de polimerização de aminoácidos, mostramos:

Agora apresentemos a estrutura dos componentes mais usuais do nylon, e vejamos a similaridade:


Agora, como se dá a polimerização do nylon, pelo mais simples método imaginável e prático?

Dissolve-se a hexametilendiamina em água, e o ácido adípico em um hidrocarboneto, como a benzina (não confundir, neste caso, como o benzeno). Na interface destas duas soluções imiscíveis, começa a se formar o nylon.

Mas ao contráro destes, os aminoácidos são relativamente solúveis (e alguns bastante) em água, e portanto, a partir de mares saturados de aminoácidos, com o pH adequado, polimerizariam-se proteínas, obrigatoriamente.

Retornando, exemplificando de outra forma, uma proteína pode ser apresentada como sendo:

...-R-CO-NH-R'-CO-NH-R''-CO-NH-R'''-CO-NH-R''''-CO-NH-...

Enquanto o nylon pode ser representado como:

...-R-CO-NH-R'-NH -CO-R''-CO-NH-R'''-NH-CO-R''''-CO-NH-...

Nota-se aqui, que as moléculas são similares, havendo apenas uma rotação em determinadas posições dos radicais, exatamente porque uma é fruto da polimerização de aminoácidos, enquanto a outra de diácidos carboxílicos e diaminas.

Isto explica exatamente o porque surgiram bactérias capazes de digerir o nylon. Só tiveram de sofrer uma pequena adaptação em seu metabolismo.

http://en.wikipedia.org/wiki/Nylon-eating_bacteria

Mas as proteínas podem chegar a ter gigantescas estruturas moleculares, como as representações abaixo (acima de uma determinada complexidade, e tal é característico da bioquímica das proteínas e outras moléculaa da vida, tal como o RNA e o DNA, não se representam os átomos individualmente, por simples economia).


Assim, podemos concluir que o que eram poliminós de carbono de números de um dígito passaram rapidamente à maiores poliminós, e que agora este poliminós, diremos de tamanho médio, passaram à cadeias, ou ainda maiores poliminós.

Adiante, surgem novos tijolos para a construção da vida, as bases nitrogenadas...