Finalmente, terminemos o deixado para trás em "Evoluções e Combinatória".
Quando a complexação molecular chegou ao acima, a natureza não necessitava de mais peças para perpetuar esta mesma complexação ao nível de moléculas e tinha o suficiente para perpetuar as estruturas produzidas.
Noutras palavras, mesmo passando temporariamente pelo "mundo de RNA", quando chegamos as quatro bases do DNA*, com sua capacidade de multiplicação/perpetuação que é a genética, não necessitou produzir mais peças para seu jogo.
A geometria necessária, com suas peças de perfeito encaixe, tinha sido alcançada. Mesmo com os riscos de ser perturbada por outras peças de encaixa possível, como o carcinogênico benzopireno, como visível abaixo:
Mostremos o benzopireno ampliado, para que se destaque como o design perfeito (pegaram a ironia?) da natureza leva muitas vezes ao seu próprio desastre.
*E aqui, mesmo com alguma variação que tenha ocorrido, pode ter havido até uma hipotética seleção química, similar à natural da evolução darwiniana. As "molecularidades" menos aptas não sobreviveram, e nós podemos ser (junto com todos os descendentes de L.U.C.A.), a única química que apresentou-se apta a faixa de temperatura e pressões da Terra, desde as profundezas dos mares e rochas até altitudes de ar rarefeito, assim como dos mais frios pontos dos polos até os mais tórridos desertos e fontes quentes, de águas alcalinas, ácidas e até chaminés vulcânicas submarinas, ferventes e sulfurosas.
Não se faria necessário chegar-se a mais bases, como as "7 bases" proposta no roteiro da comédia Evolução (que no roteiro original era um filme de terror/catástrofe/ficção), e um certo caminho de mínimos gastos de energia química foi o mecanismo suficiente.
Somos, mais que tudo, os conjuntos econômicos e eficientes de moléculas em colaboração que sobrevivem às condições da Terra.
Nesta questão, alguns criacionistas e "outros personagens" perguntam "por que o código não evoluiu?". É o mesmo que perguntar por qual motivo teria o alfabeto, suficiente para escrever um poema de 14 versos, de aumentar para escrever um livro de 1000 páginas.
Deste sistema eficiente, econômico, mas sujeito à defeitos, e exatamente destes defeitos, surgiu o processo evolutivo, agora em combinatória de envólucros destas unidades químicas de reprodutibilidade, as células.
Mas aqui, noutro jogo, os processos combinatórios fundamentais passaram a ser outros.
Apêndices
Recomendo ler: Franklin Rumjanek; O mundo sem RNA
Mais pestes
No recente filme Contágio, esta capacidade de combinatória das moléculas mostra mais de seus paradoxais e possíveis problemas, quando genética de morcegos, incorporada por um vírus, ao passar para um porco (mais próximo de um humano, como ocorre também com o vírus da gripe, oriundo das aves domésticas), torna-se letal para os humanos..
No filme apresenta-se, para minha felicidade, a questão de que pela própria diversidade humana, sempre haverão os completamente imunes, que não necessariamente passarão suas vantagens aos seus descendentes, exatamente pela reprodução sexuada e instabilidade da genética, que nos trouxe até os mais de 7 bilhões que acabamos de passar a ser.
Sobre o filme, sem belicismos além do necessário - sem por exemplo, o explodir-se vilas e cidades de Epidemia, de 1995 - com um verdadeiro contexto de colaboração internacional (como se há de esperar numa pandemia), com os sempre presentes humanos interesses de lucro e com os ainda mais presentes comportamentos de preservação de núcleo familiar e até de etnia, trata da questão com uma seriedade e cientificismo que talvez jamais tenha sido usado no cinema, até apresentando a problemática questão do forte sistema federativo dos EUA para tais questões. As questões de progressão - R0 - (mesmo com um sutil e desprezável erro) são bem mostradas, até para a própria curva S que a doença produzirá,
já apontado como solução num razoável filme para televisão sobre o tema, WW 3 , onde aprendi que a catapora está entre as doenças mais rapidamente contagiosas conhecidas pelo homem, assim, um agente "acoplado" ao vírus da catapora, gerando imunização, seria mais rápido em propagação que outro vírus mais lento em contágio. Perderíamos muitos indivíduos, talvez populações específicas (como vilas de determinada etnia, de determinados e limitados laços familiares), mas nossa população como um todo ainda seria a excessiva que aí está.
Recomendo, relacionado à conceitos técnicos no filme: Basic reproduction number ; o que sejam fômites.
O filme apresenta, também de maneira extremamente sensata, os problemas de produzir-se uma vacina, os tempos envolvidos (ao contrário das soluções fáceis e beirando o absurdo de Epidemia) e em contrapartida, o que esforços de escala militar ("eisenhowerianos") poderiam nos proporcionar quando executados.
Um comentário: não vi ainda apontamentos na internet sobre o tema, mas cai-se no mesmo erro de confundir "homeopatia" com "fitoterapia". Um extrato ou preparado de forsítia não é um preparado homeopático, nem mesmo um preparado que se use deste modo e pelos mais que suspeitos e pseudocientíficos princípios e métodos da homeopatia. Aliás, divulgue-se, fitoterapia funciona tanto que às vezes que até pode matar. Se exatamente funciona para o que pretende-se, e se tem base científica e até parte de eficiente empirismo, é outra questão. Mas não é uma solução de uma molécula por mais água e álcool que o volume do planeta Terra*, e que cure pelo estúpido princípio místico/metafisicóide que "semelhante cura semelhante", fique bem claro. Um medicamento, ainda que absolutamente empírico, tradicional, "alternativo", diria quase "uma pajelança" de fitoterapia (valeria aqui até soluções de vísceras de insetos** ou moluscos, o raciocínio é o mesmo) pode conter um princípio ativo farmacológico de excelente resultado***, e muitas vezes, ser de uma toxidade que tenha de ser modificada, quando explorado pela indústria farmacêutica.
* Uma solução acima de determinado "C" - diluição de razão 100 - a homeopatia afirma exatamente isso.
** No terreno da ficção, o filme O Curandeiro da Selva (Medicine Man, 1992, IMDB, Wiki) mostra exatamente isso. Não é planta de uma determinada região amazônica que impede uma tribo de ter câncer, e sim, uma formiga nesta planta.
*** Seguidamente, descobre-se que não é muito eficiente para aquela moléstia, e sim, para outra, até então nem pensada.
Aliás, se tal "protocolo" de usar-se chás de indígenas fosse algo da homeopatia, indústrias não investiriam milhões em pesquisas verificando o que fazem os pajés e xamãs de nossas florestas americanas (e da Ásia, Oceania e África) para tratar alguns de seus aldeões.
A combinatória química, mesmo produzindo erros, produz há milhões de anos úteis acertos, e o acaso que levou uma planta a gerar proteção contra as lagartas que comem suas folhas é o mesmo acaso que pode dar-nos hoje ou no futuro proteção contra um vírus ou bactéria que possa diminuir nossa população.
O mesmo acaso que nos fenômenos mais basais da vida, produz a luz que ilumina e dá sentido a tudo que se vê nos seres vivos, a evolução.
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Extras
Dois inventos interessantes, do ponto de vista ambiental:
Airdrop Irrigation, um sistema de irrigação para locais inóspitos e cuja agricultura sofra pelos longos períodos de seca, desenvolvido pelo australiano Edward Linnacre, o aparelho captura o ar quente que é resfriado por uma rede de tubos até o solo, onde atinge 100% de umidade e condensa. A água produzida é armazenada embaixo da terra e usada para irrigar a base da plantação, através de um sistema de mangueiras.
5.Bases nitrogenadas
Quando a complexação molecular chegou ao acima, a natureza não necessitava de mais peças para perpetuar esta mesma complexação ao nível de moléculas e tinha o suficiente para perpetuar as estruturas produzidas.
Noutras palavras, mesmo passando temporariamente pelo "mundo de RNA", quando chegamos as quatro bases do DNA*, com sua capacidade de multiplicação/perpetuação que é a genética, não necessitou produzir mais peças para seu jogo.
A geometria necessária, com suas peças de perfeito encaixe, tinha sido alcançada. Mesmo com os riscos de ser perturbada por outras peças de encaixa possível, como o carcinogênico benzopireno, como visível abaixo:
Mostremos o benzopireno ampliado, para que se destaque como o design perfeito (pegaram a ironia?) da natureza leva muitas vezes ao seu próprio desastre.
*E aqui, mesmo com alguma variação que tenha ocorrido, pode ter havido até uma hipotética seleção química, similar à natural da evolução darwiniana. As "molecularidades" menos aptas não sobreviveram, e nós podemos ser (junto com todos os descendentes de L.U.C.A.), a única química que apresentou-se apta a faixa de temperatura e pressões da Terra, desde as profundezas dos mares e rochas até altitudes de ar rarefeito, assim como dos mais frios pontos dos polos até os mais tórridos desertos e fontes quentes, de águas alcalinas, ácidas e até chaminés vulcânicas submarinas, ferventes e sulfurosas.
Não se faria necessário chegar-se a mais bases, como as "7 bases" proposta no roteiro da comédia Evolução (que no roteiro original era um filme de terror/catástrofe/ficção), e um certo caminho de mínimos gastos de energia química foi o mecanismo suficiente.
Somos, mais que tudo, os conjuntos econômicos e eficientes de moléculas em colaboração que sobrevivem às condições da Terra.
Nesta questão, alguns criacionistas e "outros personagens" perguntam "por que o código não evoluiu?". É o mesmo que perguntar por qual motivo teria o alfabeto, suficiente para escrever um poema de 14 versos, de aumentar para escrever um livro de 1000 páginas.
Deste sistema eficiente, econômico, mas sujeito à defeitos, e exatamente destes defeitos, surgiu o processo evolutivo, agora em combinatória de envólucros destas unidades químicas de reprodutibilidade, as células.
Mas aqui, noutro jogo, os processos combinatórios fundamentais passaram a ser outros.
Apêndices
Recomendo ler: Franklin Rumjanek; O mundo sem RNA
Mais pestes
No recente filme Contágio, esta capacidade de combinatória das moléculas mostra mais de seus paradoxais e possíveis problemas, quando genética de morcegos, incorporada por um vírus, ao passar para um porco (mais próximo de um humano, como ocorre também com o vírus da gripe, oriundo das aves domésticas), torna-se letal para os humanos..
No filme apresenta-se, para minha felicidade, a questão de que pela própria diversidade humana, sempre haverão os completamente imunes, que não necessariamente passarão suas vantagens aos seus descendentes, exatamente pela reprodução sexuada e instabilidade da genética, que nos trouxe até os mais de 7 bilhões que acabamos de passar a ser.
Sobre o filme, sem belicismos além do necessário - sem por exemplo, o explodir-se vilas e cidades de Epidemia, de 1995 - com um verdadeiro contexto de colaboração internacional (como se há de esperar numa pandemia), com os sempre presentes humanos interesses de lucro e com os ainda mais presentes comportamentos de preservação de núcleo familiar e até de etnia, trata da questão com uma seriedade e cientificismo que talvez jamais tenha sido usado no cinema, até apresentando a problemática questão do forte sistema federativo dos EUA para tais questões. As questões de progressão - R0 - (mesmo com um sutil e desprezável erro) são bem mostradas, até para a própria curva S que a doença produzirá,
já apontado como solução num razoável filme para televisão sobre o tema, WW 3 , onde aprendi que a catapora está entre as doenças mais rapidamente contagiosas conhecidas pelo homem, assim, um agente "acoplado" ao vírus da catapora, gerando imunização, seria mais rápido em propagação que outro vírus mais lento em contágio. Perderíamos muitos indivíduos, talvez populações específicas (como vilas de determinada etnia, de determinados e limitados laços familiares), mas nossa população como um todo ainda seria a excessiva que aí está.
Recomendo, relacionado à conceitos técnicos no filme: Basic reproduction number ; o que sejam fômites.
O filme apresenta, também de maneira extremamente sensata, os problemas de produzir-se uma vacina, os tempos envolvidos (ao contrário das soluções fáceis e beirando o absurdo de Epidemia) e em contrapartida, o que esforços de escala militar ("eisenhowerianos") poderiam nos proporcionar quando executados.
Um comentário: não vi ainda apontamentos na internet sobre o tema, mas cai-se no mesmo erro de confundir "homeopatia" com "fitoterapia". Um extrato ou preparado de forsítia não é um preparado homeopático, nem mesmo um preparado que se use deste modo e pelos mais que suspeitos e pseudocientíficos princípios e métodos da homeopatia. Aliás, divulgue-se, fitoterapia funciona tanto que às vezes que até pode matar. Se exatamente funciona para o que pretende-se, e se tem base científica e até parte de eficiente empirismo, é outra questão. Mas não é uma solução de uma molécula por mais água e álcool que o volume do planeta Terra*, e que cure pelo estúpido princípio místico/metafisicóide que "semelhante cura semelhante", fique bem claro. Um medicamento, ainda que absolutamente empírico, tradicional, "alternativo", diria quase "uma pajelança" de fitoterapia (valeria aqui até soluções de vísceras de insetos** ou moluscos, o raciocínio é o mesmo) pode conter um princípio ativo farmacológico de excelente resultado***, e muitas vezes, ser de uma toxidade que tenha de ser modificada, quando explorado pela indústria farmacêutica.
* Uma solução acima de determinado "C" - diluição de razão 100 - a homeopatia afirma exatamente isso.
** No terreno da ficção, o filme O Curandeiro da Selva (Medicine Man, 1992, IMDB, Wiki) mostra exatamente isso. Não é planta de uma determinada região amazônica que impede uma tribo de ter câncer, e sim, uma formiga nesta planta.
*** Seguidamente, descobre-se que não é muito eficiente para aquela moléstia, e sim, para outra, até então nem pensada.
Aliás, se tal "protocolo" de usar-se chás de indígenas fosse algo da homeopatia, indústrias não investiriam milhões em pesquisas verificando o que fazem os pajés e xamãs de nossas florestas americanas (e da Ásia, Oceania e África) para tratar alguns de seus aldeões.
A combinatória química, mesmo produzindo erros, produz há milhões de anos úteis acertos, e o acaso que levou uma planta a gerar proteção contra as lagartas que comem suas folhas é o mesmo acaso que pode dar-nos hoje ou no futuro proteção contra um vírus ou bactéria que possa diminuir nossa população.
O mesmo acaso que nos fenômenos mais basais da vida, produz a luz que ilumina e dá sentido a tudo que se vê nos seres vivos, a evolução.
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Extras
Dois inventos interessantes, do ponto de vista ambiental:
Airdrop Irrigation, um sistema de irrigação para locais inóspitos e cuja agricultura sofra pelos longos períodos de seca, desenvolvido pelo australiano Edward Linnacre, o aparelho captura o ar quente que é resfriado por uma rede de tubos até o solo, onde atinge 100% de umidade e condensa. A água produzida é armazenada embaixo da terra e usada para irrigar a base da plantação, através de um sistema de mangueiras.
Fonte: exame.abril.com.br
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