quinta-feira, 22 de março de 2012

"Evolucionismo" e Economia



Um prólogo

De um antigo debate - no Orkut, lamento, tema mais que sério, em rascunho para algo ainda mais sério.

Infelizmente, se perceberá no texto que o "debate" (percebem as petulantes e necessárias aspas) nasce de um peculiar "criacionista marxista", algo contraditório para qualquer análise. As frases deste personagem foram preservadas e destacadas em itálico.

Obs.: Embora, deixemos claros, no passado já tenham havido marxistas fixistas, anti-darwinistas 'por tabela' e até defensores de um universo e até a Terra eternos, sem qualquer aspecto de modificação no geológico, sem falar da vida sobre esta. Lembremos que este anti-darwinismo marxista levou nações comunistas, no século XX, a desastres agrícolas, de produção pecuária e ambientais, pois não só em biologia coisa alguma faz sentido a não ser à luz da evolução, mas sem sua luz, os processos produtivos relacionados com o biológico, assim como o ambiente onde tudo ocorre, inclusive nossas primatas vivas, ficam às sombras.


Notem as aspas no título, pois sejamos diretos, não existe um "movimento" por divulgar-se e sustentar-se o fato da evolução e sua teoria modelo. São os simples fatos e utilidade da teoria que nos levam a defendê-lo e sustentá-lo.




A questão




ashaguzy.blogspot.com


Há aqueles personagens que associam perigosamente a Economia de Sistema Capitalista, mais simplesmente, o Sistema Capitalista, ao dito "darwinismo", neste, especialmente, a seleção natural.

Evolução, e até a Biologia, não relaciona-se com a Economia, muito menos no Capitalismo, melhor dizendo, Sistema Capitalista.

O mecanicismo de proliferação de bactérias, por exemplo, num substrato, será modelável pela simples abundância de recursos, o seguir de uma curva S, com uma fase de crescimento exponencial, que já está desde o início condenada a apresentar uma flexão para uma fase de desaceleração e porteriormente decadência.



Não há ação racional nesta atividade, pois sua própria ocorrência a condena à morte.

A coisa se equilibrará, em quadro mais amplo, quando entra o que chamamos de Ecologia. Aí, o sistema, como um todo, será sustentado, na verdade, diretamente pelo Sol, e pouquíssimo pelos geologismos (fontes geotérmicas).

E aí o processo é aleatório/estocástico.

Na Economia, a tendência é, para o próprio equilíbrio do sistema, as relações entre capital-trabalho-natureza serem harmoniosas, logo, conduzidas pelo racional.

Assim, não será a sobrevivência do mais apto, mas no final, a sobrevivência do que busca o maior ganho para si (Adam Smith) que simultaneamente busca o maior ganho para toda sua sociedade (Equilíbrio de Nash).



Na amortização das tendências "predatórias" no econômico, entra o estado, que a tudo tem de regular, e tal se dá pela lei, que por sinal, é a imposição, se justa, dos interesses e necessidades da maioria.

Os modelos guardam alguma similaridade, mas somente "até ali". Logo, lá em cima, deve-se repetir, corrigindo:

Evolução, e até a Biologia, relaciona-se com a Economia, até nesta com o Capitalismo, o Sistema Capitalista, apenas em algumas nuances.

Obs.: A partir daqui, em itálico, afirmações de um exótico "criacionista de esquerda".

Que o sol seja uma analogia para o estado.

Então não entederam lhufas. O Sol é no máximo, para a Economia, uma analogia com os recursos da natureza.

O Estado equilibraria a economia tal como o Sol equilibraria o Ecossistema.

Novamente, o personagem escreve bobagem. O Sol abastece, predominantemente, a Terra de energia. Não equilibra coisa alguma, aliás, o sistema solar é na verdade, caótico.

Novamente, recomendo, de minha autoria:



Observações: E há uma certa perda tendenciosa de calor/energia da Terra para o espaço, que se não fosse os geologismos e a vida, acarretariam um resfriamento global terrível, coisa que já ocorreu em nosso passado, na hipótese hoje mais que sustentada da "Bola de Neve".

Recomendo: Escurecimento global / Terra bola de neve - Wiki pt e humildemente, do mané que vos escreve: Efeito estufa

Não veem  como a busca do maior ganho para o indivíduo seja paralelo à busca do maior ganho para toda a sociedade.


Aqui, tem de ser. O equilíbrio de Nash mostra isso, matematicamente, de onde se afirma que Adam Smith estava errado.



Apontam para esta argumentação a enorme quantidade de abusos cometidos em nome do lucro, e atitudes humanitárias que não são motivadas pelo lucro.

Esta afirmação me faz rir, pois com isso afirmam que a melhor opção é tender-se a um comportamento pelo equlíbrio de Nash.

Que Darwin, vivendo numa sociedade que se estrutura assim e sabendo disso, estruturou uma forma de pensar o mundo análoga e a projetou na natureza.

Tolice enorme. Ciência natural é a interpretação dos fatos. Quem fez uma analogia com o biológico, e tentou levá-la para o social, foi Spencer, que foi grande em muitos campos, mas aqui, fez besteira. O "darwinismo social" é uma tolice sob e sobre n análises

Os cientistas que viviam naquela época (o tempo de Darwin), tornaram o evolucionismo hegemônico, e não o fato de ele ter muitas evidências em seu favor.

Tolice novamente. Tornou-se hegemônico pois modela de maneira esmagadoramente confiável o comportamento dos seres vivos no tempo. A seleção natutral, por exemplo, é visível em qualquer jardim.

Esse pode até ser o caso hoje, mas não era no momento da origem.

Afirmação precipitada dos criacionistas. Mesmo com a carência da genética, nenhum argumento ou evidência apontava já para o fixismo das espécies. O restante, o posterior, só veio completar o modelo, e não falseá-lo.

Na medida em que a população mundial vai rejeitando progressivamente o sistema capitalista com movimentos de esquerda, o "darwinismo cairá".

Aqui vale uma de minhas frases gritadas QUE B...* É ESTA? (aqui, neste blog, diremos "tolice")

A marcha da economia é, coligada com o político, a social-democracia, e esta sempre opera dentro do sistema capitalista e com um alto grau de liberalismo. Este tipo de pensar (comunismo=cristianismo=criacionismo biblicista) cai no vazio. A começar, pois tenta apresentar o mundo econômico com nuances do capitalismo selvagem, vitoriano, e ele é, hoje, basicamente, tendente ao equilíbrio de Nash.

Repetimos: O maior ganho para o indivíduo se dá quando ele busca o maior ganho para si E para sua sociedade. Vide as nações mais ricas e socialmente equilibradas da Terra, os países nórdicos.

E os movimendo de esquerda são ambientalistas.

Ambientalismo não é dicotômico com o sistema capitalista, nem correlato com o comunismo/socialismo. Falácia da falsa dicotomia.

(Tratei disto extensivamente em: A falácia do capitalismo como antiecológico)

Mais cedo ou mais tarde é possível que nossa sociedade se reestruture para funcionar numa lógica bem mais cooperativa.

O Equilíbrio de Nash novamente.

Nesse caso, Darwin irá “reencarnar” e criar uma teoria “brilhante”, embora com poucas evidências em seu favor, baseada na cooperação, projetada da organização social.

Biologia não é Economia, só lamento. Mas visões, especialmente de escala micro, como da sobrevivência das corporações, são fortemente hoje pela "Economia Evolucionária", da 'seleção do grupo mais apto', que é ligado à eficiência e qualidade. Mas limita-se aí. (Notemos que em outrostermos, já afirmamos isso.)

Recomendo: Economia evolucionária - Wiki pt

Observação: Na verdade, comportamentos altruístas de diversos animais são estudados na Biologia, e  desenvolveram-se e desenvolvem-se (como sempre, dentro de uma visão evolutiva da vida, os processos são contínuo) por mecanismos modificação, descendência e seleção natural, não sendo tal comportamento uma característica exclusiva da racionalidade humana, que nem sequer é, hoje, sob toda a análise, a única existente.




E essa teoria será usada para avaliar os fatos e reinterpretá-los.

Não nos molde que os criacionistas julgam, como vimos. Criacionistas tem uma imensa dificuldade em entender que ciência não se afirma 'a verdade', pela falseabilidade, mas também, sempre se aproxima dela, estruturando-se mais e mais, daí afirmamos que "ciência é força destruidora". Em contrapartida, como Asimov afirmou: Os criacionistas fazem parecer que uma teoria é algo que você sonhou depois de ter ficado bêbado a noite toda.

Este raciocínio criacionista seria uma cadeia de implicações lógicas, como pode-se perceber.

Percebo que criacionistas, como o que gerou o debate que produziu este texto, tentam tratar com argumentos até simplórios questões muito adiante de sua capacidade de análise e cultura sobre o tema.

Devo a todos, até hoje, um longa explanação sobre a arrogância patológica dos criacionistas.

Não existe pensamento externo ao contexto sócio-histórico.

E que em nada corrobora com o discurso criacionista, que na verdade, é um amontoado de devaneios, com um pé no infantil, ainda que emoldurados com alguns conceitos até que bem construidos. Mas percebamos que, curiosamente, a construção da moderna Biologia, da geologia, até da Arqueologia, da origem do universo, na Cosmologia, e dos astros, na Astrofísica, é exatamente a afirmação de que não exista pensamento externo ao contexto social-histórico, que num determinado momento, permitiu que mitos da Idade do Bronze fossem modelo de entendimento sobre o mundo, a vida, e sua história.

O fantástico é que neste "enrolês" todo, o leigo pulou o detalhe que a natureza se lixa para ética, que é, sob toda a análise, e desde Kant a coisa só tem piorado, uma construção cultural humana.

Mais uma vez, a Economia pode ter modelagens similares às evolutivas, mas "somente até ali", pois a Economia, igualmente, é um construção cultural humana, até pelo estabelecimento do conceito de valor, que é atributo cultural, inclusive, dentro da Teoria Econômica (que não é uma teoria científica em sentido popperiano).

Explico, antes que surja alguma afirmação por "valor trabalho". Aqui, também os marxistas erram, ao tentar desprezar os fatores culturais e "de gosto", ou "desejo", como atribuidor de valor, e inclusive, a questão de que moral é relativa a fatores culturais, como por exemplo, a prostituição, a monogamia, etc, e suas relações com os fatos econômicos e com os valores monetários que se atribuem aos bens e serviços.

Aqui, Teoria Marginalista na Economia, desmascara tais mistificações, e mais uma vez, uma associação entre o econômico e o biológico podem ser feitas, mas limitadamente, e uma fusão completa é impossível.

A ética humana é, sob também toda a análise, um contructo cultural com vias ao melhor para a coletividade.
De certa maneira, é uma contraposição a uma seletividade totalmente biológica, e aqui, retorno a Kant, com a questão dos "universais".

Recomendo: Guido Antônio de Almeida; Sobre o princípio e a lei universal do Direito em Kant ; Kriterion vol.47 no.114 Belo Horizonte Dec. 2006.



Apelando para o que chamo de um ad hitlerum inverso, a eugenia típica do nazismo levaria a uma seletividade total da espécie humana para a etnia ariana, e isto, podemos dizer, "seria biológico".

Mas observemos, que exatamente pelo processo civilizatório, as diversas etnias opostas (e mesmo as subdivisões dentro da própria etnia!) se uniram, e basicamente por motivos que no fundo são econômicos, para se opor ao que redundaria numa tirania - de grupo minoritário, mesmo que cercando um indivíduo.

E aqui, mais uma vez, o equilíbrio de Nash, mesmo nas entrelinhas, se manifesta, e isto, que na 2a Guerra, nem era conhecido, e imperava o individualismo de Adam Smith como motor "máximo e perfeito" do sistema capitalista.

Os processos econômicos, e até os históricos, não são propriamente biológicos, até porque o humano separou-se, pelo seu próprio processo civilizatório, do processo evolutivo das outras espécies.

Repitimos, irritantemente: os modelos são similares, mas não propriamente aplicáveis a pleno, num campo e no outro.




Perdão, realmente, não resisto.

Anexos


Uma pequena irritação

Aqueles que me conhecem pela internet, sabem que tenho um alterego, "Francisco, O Herege", um pregador beirando o delirante (embora um iconoclasta com as pregações alheias).

De uma das esparrelas deste personagem:

O Herege, invariavelmente, entrando no debate dos outros de voadora no meio da cara, com sua sutiliza típica de um rinoceronte com overdose de anfetaminas.


"nós que cremos e somos cristãos sabemos quão maravilhoso isto é em nossas vidas e vivenciamos constantemente as ações dEle em nosso meio." - Afirmação de um cristão da internet

Fantástico é que esta bobagem, que apenas mostra um delírio místico de uma classe de "iluminados" (no caso, somente eles, óbvio), é escrita, sem o menor pudor e vergonha na cara, exatamente uma linha após afirmar-se que deus não pode ser provado (afirmado pelo próprio crente, num momento de sanidade), mas nesta mesma bobagem, surge miraculosamente que deus tenha ações que sejam detectadas, curiosamente, somente pela classe de "iluminados".

Haja, perdão, saco, com crentes e seus "milagres pessoais", quando não, em grupo, de preferência, a família do crente, até um bando de crentes, ou em histeria coletiva, num amontoado de crentes, de preferência, no cinema de calçada falido e agora reformado, mais próximo de sua casa.

Não conseguem nem regenerar o dedinho minguinho perdido de um bebê e arrotam milagres ao mundo, que nada mais são que começarem a parar de fazer m...* (digamos, aqui, estragos) com suas vidas, normalmente, cortando a cachaça, a p...* (digamos, aqui, a maneira dos crentes, "uma certa vida luxuriosa"), a droga até então preferida ou parando de roubar o cristão mais próximo, quando não, apenas se dedicando ao trabalho honesto.

E chamam esta simples e medíocres manifestações de mínima coerência e trivial vontade de "deus", e para este fantasma infantil e providente, berram mantras exóticos no pior dos estilos psiquiatricamente desequilibrados.

Sim, sou um chato do c...* (digamos, aqui, porrete), no limite do insuportável, e sádico ao ponto de expor, em poucas linhas, a tola fé alheia no que realmente é: uma superstição primitiva.





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