terça-feira, 18 de outubro de 2016

Pseudociências - 4


Frase minha, recente no Facebook, após ler uma simplesmente barbaridade:

“Idiotas "pseudocéticos": Existem provavelmente desde o tempo em que rudimentos de conhecimento científico já eram produzidos.”


Como um exemplo de “pseudocéticos”, busquemos personagens que depois que você explica questões da Astrofísica que levaram ao entendimento do inegável efeito estufa experimental em laboratório desde tempos anteriores às teorizações matemáticas iniciais de sua ação na atmosfera e ao que seria, mesmo que hipotético, aquecimento global antropogênico, ou quem nega diversos fenômenos da Mecânica Quântica ou ainda as implicações da Relatividade e toda a observação para o que seja um passado do universo de maior densidade e temperatura (o vulgar “Big Bang”).

Existe um simples “negar”, travestido muitas vezes de “mentalidade cética” ou “científica”.

Nada mais mentiroso.

Eu sou cético.

Por exemplo, para afirmações de quem fala com a mãe já morta há 10 anos num peculiar grupo que se reúne ao redor de uma mesa numa casa na esquina, ou que diz que viu um disco voador no cerrado brasileiro, ou ainda, que afirma que uma determinada espécie de animal surgiu miraculosamente na Terra em sua história. Os exemplos disso poderiam formar um livro do volume de O Mundo Assombrado Pelos Demônios, de Carl Sagan… ops!, ele já foi escrito, óbvio, ou muito mais.
O que interessa, fundamentalmente, é que a Ciência é cética por método, devemos ter uma postura cética por uma formação mínima que seja até em Filosofia, e até por uma fortaleza de caráter, mas tal não implica num ceticismo (que não o é verdadeiramente, pois negação) contrário ao que seja o submetido ao método científico.
Assim, por exemplo, e atacando os casos acima, eu entendo (notem o peso da palavra) o que seja o efeito estufa e o aquecimento global provocado pela liberação de massivas quantidades de gás carbônico (especialmente) na atmosfera posteriormente à liberação de massas geológicas de combustíveis fósseis, por formação e depois interesse, entendo muito dos fenômenos típicos da Mecânica Quântica, que por relação típica de todo campo científico com outros campos científicos, relaciona-se com a absorção de radiação infravermelha - de determinadas fequências - produzindo temperaturas mais altas em volumes com certas moléculas pela sua vibração (por fim, um ganho de energia cinética). Por uma formação inicial, e depois muito interesse, eu entendo o comportamento do espaço-tempo quando a Relatividade Geral é aplicada ao universo como um todo.
Obs.: Agora, cuidado, pois a partir desta fase desta série, enveredaremos até para o instinto grosseiro dos primatas, de quando contrariados ou extremamente irritados, atirarem as próprias fezes no adversário.

Sinceramente, e me desculpem os amigos das ciências biológicas e relacionadas, entender o fato da evolução é uma banalidade, e negá-lo, por diversas vias, uma mostra a meu ver de determinadas patologias mentais.

A não ser que - pegando os mais radicais casos - alguém que acha que sua mãe exista como mulher sendo fruto de uma divindade que atuou cirurgicamente sobre uma criatura moldada a partir do barro - em pleno século XXI e com o universo de cultura que nos cerca - seja algo plausível de ser chamado de “normal”. Pelo menos, até concordo, não é a minha opinião do que seja “normalidade”.
Por outro lado, eu acredito que a Gravidade Quântica em Loop, no futuro, mostrar-se-á uma teorização física dominante no tratamento do universo - e da gravidade - e o que chamamos de Big Bang será mostrado confiavelmente como um ponto de transição entre dois estados.

Mas…

Note que eu acredito, e não afirmo “que assim seja”, pois como já disse, sou cético, no sentido filosófico (e filosófico-científico, destaquemos) de cético.

Pode-se dizer que nesse sentido de “acreditar” seja algo similar a eu ter simpatia por essa ou aquela hipótese científica.

De maneira similar, acredito que o universo produza vida quase como uma inexorabilidade de sua química e termodinâmica, e logo, acredito que exista vida extraterrestre, e biologicamente, acredito que o desenvolvimento da inteligência e dessa a cultura, e posteriormente a Ciência e a tecnologia nos seres vivos seja uma tendência evolutiva com alguma significativa ocorrência probabilística. Noutras palavras: evoluíram os seres vivos num corpo celeste, muito provavelmente, alguma de suas formas tenderá a se tornar uma forma inteligente e disso uma civilização.

Mais uma vez, eu acredito, mas uma nave interestelar visitar uma região sem muita graça de um país que sequer tem magníficas formas de vida, eu apenas gostaria de poder acreditar, ou como já tradicional, “eu quero acreditar”.

Acredito, pois, e sem nenhuma ironia nesse parágrafo, que produzi uma definição bem clara do que penso ser uma postura cética, científica e filosoficamente falando, e no seu “falso”, uma definição do que seja um pseudoceticismo, assim, como no negar de todo o desenvolvimentos científico e cultural que produzimos nesses séculos, o que seja já o limiar de uma insanidade.

Extras

1

Recomendo a leitura:


2

Algumas frases:

“O fato de todos estarem de acordo não transforma o falso em verdadeiro.” - Max Gehringer
( Sempre é bom manter-se em mente os perigos das falácias ad numerum / ad populum )

“A sabedoria tende a provocar discórdia, mas a ignorância é quase sempre unânime.” - Max Gehringer

“O maior inimigo do conhecimento não é ignorância, mas a ilusão do conhecimento.” - Daniel Boorstin

“Alguém esperto pode se passar por idiota. O contrário, é muito mais difícil.” - Autor desconhecido.

Uma boa coleção: faconti.tumblr.com

3

Alguma literatura de Filosofia da Ciência:

Gunnar Andersson; Criticism and the History of Science: Kuhn's, Lakatos's and Feyerabend's Criticisms of Critical Rationalism; BRILL, 1994 - books.google.com.br

W. Krajewski; Correspondence Principle and Growth of Science; Springer Science & Business Media, 2012 - books.google.com.br

Sahotra Sarkar, Jessica Pfeifer; The Philosophy of Science; Psychology Press, 2005 - books.google.com.br

Sahotra Sarkar, Jessica Pfeifer; The Philosophy of Science: A-M, Taylor & Francis, 2006 - books.google.com.br

Sahotra Sarkar, Jessica Pfeifer; The Philosophy of Science: N-Z, Index; Taylor & Francis, 2006 - books.google.com.br

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