terça-feira, 5 de maio de 2009

Star Trek III

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Evolução das outras civilizações


Há tempos assisti um documentário, nem lembro em que canal que tratava a questão dos diversos "seres vivos civilizados" que aparecem em Star Trek como uma propagação entre os roteiristas de que Gene Roddenberry teria imaginado as diversas civilizações como oriundas de similares processos evolutivos.


Desculpem-me, mas sem eu ler ou ouvir fidedignamente isto de sua própria mão ou boca, nada feito.


E sustentarei esta posição com dois simples argumentos: quando da confecção da para mim saudosa série de desenhos animados dos anos 70, imediatamente somou-se à tripulação clássica um "felinóide", já que manter os personagens originais seria óbvio. Na primeira oportunidade, Gene colocou um ser de silício, e outro gasoso na série clássica, e chega a "bagunçar o coreto" com a supercivilização integrada em máquinas que acolheu o órfão Voyager, perdão, V'ger.

sharetv.org


Assim, suas noções de Biologia vão muito além de um argumento "evolução em escada" com a forma humana sendo o resultado inexorável dos seres vivos. Mesmo em detalhes, pulou a Biologia terrestre, como o sangue operando em cobre, dos vulcanos.

glenngreenbergsgrumblings.blogspot.com


A Horta, forma de vida baseada em silício de Star Trek (stevyncolgan.blogspot.com).
Obs.: Sobre vida baseada em silício e representações artísticas destas, não deixe de visitar o blog de onde esta imagem foi copiada.

Assim, as testas, orelhas e detalhes da pele* me parecem mais uma limitação de produção que uma concepção sobre como se dê a evolução em outros planetas. Se dispusesse dos recursos de hoje, as inúmeras criaturas de Star Wars talvez tenham sido em muito ultrapassadas pela produção de Star Trek.


*Quase esqueço o maravilhoso episódio da civilização altamente preconceituosa porque possuem lados diferentes de cores diferentes, comparticipação do saudoso Charada (inimigo de batman),Frank Gorshin.


http://www.imdb.com/media/rm378575104/tt0708435


Uma coisa me perturba em Star Trek, que é uma noção que a coletividade dos Borgs (aos moldes das formigas e abelhas) é moralmente inferior à nossa individualidade.


Mas acho que aqui poderiamos estender uma discussão bizantina, mas que ninguém me diga que não adorou a rainha-vilã.



Agora tratemos de algo mais científico.



Como bem trata DAWKINS em vários de seus livros, o processo evolutivo é probabilístico**, caótico e o termo que atualmente uso depois que o aprendi em sentido plenamente: estocástico.


**E sua argumentação é seguido distorcida como a prova da impossibilidade da vida como a temos, especialmente por místicos e criacionistas, sem falar dos novos delirantes do "design inteligente".


Assim, as combinações possíveis das formas de vida são da ordem de um número muito maior que o que temos de partículas no universo. Por outro lado, o resultado que hoje na Terra temos não é outro senão esse que vemos num pássaro que nos pousa junto a janela, ou uma flor onde uma abelha coleta pólen.


Por outro lado ainda, se determinados eventos na história terrestre (logo, em qualquer outro planeta) pudessem ter sido diferentes, talvez um mamífero alado coletasse pólen, um inseto de grande porte pousaria em nossa janela, e nossas esposas talvez os vissem de exóticas janelas, enquanto chocam seus ovos (ou talvez nós os abrigassem, como o fazem os cavalos marinhos).


Noutro planeta, poderiam as formas civilizadas de vidas não serem descendentes de dinossauros (como o são os pássaros) nem de outras formas que nos são bastante agradáveis, como a mim são os elefantes, ou de lagartos (aqui, Gene também tocou seu pincel de mestre) mas de louva-deuses ou lagostas, ou ainda mais exóticas e até para nós repulsivas e inimagináveis criaturas.


E aqui, gostaria de citar outro filme recente, e nisto, embora o considere inferior ao original, eu acho que o diretor/roteiristas acertaram a mão, quando em "O Dia Em Que A Terra Parou", é perguntado porque Klatu veio a Terra em forma humana, e ele responde que "é para não nos causar repulsa".


Assim, concluindo, como gosto de dizer, é praticamente impossível no universo não existir outro planeta com vida. É muito difícil nestes planetas não terem se desenvolvido vida minimamente inteligente (como um dia já fomos, passando quase um milhão de anos apenas sabendo fazer uma pedra pontuda) e por isto é quase certo que mesmo nossa local galáxia tenha civilizações, algumas muito mais avançadas que os tripulantes de navios modificados de Star trek, mas mesmo se assim o forem, tal como diferentes são árvores de uma mesma espécie numa floresta, certamente as "árvores da vida" de tais planetas tenham diversidade de galhos, ramos e folhas.


E talvez quando nos encontrarmos com a primeira delas, não nos saudará com um sinal rabínico que Leonard Nimoy lançou (no jargão "colocou de caco") na série clássica, mas com algo que nem a mais exótisa lagosta ou louva-deus tenha em seus corpos.


naoentendonadadecinema.blogspot.com





Juro, tentei resistir:



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Um comentário:

Miguel disse...

Muito interessante o blog, Francisco. Estou "estreando" por aqui agora. Aliás, estou gostando muito mesmo de ver a grande (para um país como o nosso) quantidade de blogs de divulgação científica. Torço pelo sucesso de todos, inclusive é claro, o seu. Ótimo o seu comentário sobre a vida inteligente em outros planetas. Sou leigo (mas apaixonado) em ciência, especialmente física, e também considero muito grande a probabilidade de existir vida inteligente "aqui mesmo" na Via-Láctea. A propósito, você acredita que ainda neste século possamos "fazer contato"?